A 11ª entrevista da Seção Raio-X chega cerca de ansiedade, pois apresenta uma figura muito conhecida na imprensa regional pelo seu jeito extrovertido, direto, louco e polêmico. A jornalista KHADIDJA de Santi Leite de CAMPOS, 26 anos, é uma companheira de profissão muito querida pelos “batalhadores” da imprensa, nascida em São Paulo , ela mora atualmente em Mogi das Cruzes, mas afirma que tem Suzano em seu coração, já que a sua vida acontece nesta cidade. Jornalista há sete anos, Khadidja se define como uma pessoa extremamente sensível e boa, que se esconde atrás duma casca de pessoa escrota e durona.
Confira essa entrevista que, além de estar sensacional, também apresenta uma novidade, um ping pong curto e rápido para conhecermos ainda mais essa pessoa de personalidade única.
KC - Na verdade, eu nunca soube direito o que fazer da vida. Só sabia que, depois que acabei a escola, eu precisava trabalhar. Acabei entrando no curso de Administração de Empresas, onde passei um ano. Nesse meio tempo, comecei a trabalhar no Departamento de Contabilidade da Elgin, em Mogi. Não passou duas semanas, eu tava super doente, com crise de ansiedade, síndrome do pânico, etc. Louco não pode trabalhar em serviço rotineiro que fica mais louco ainda. Deixei o trampo e melhorei bastante, mas pra melhorar de vez, comecei a fazer terapia, meio que pra me encontrar. Aí o meu terapeuta me sugeriu: "por que você não faz jornalismo? Acho que é algo que tem a ver com você, um meio que tem pessoas bem parecidas com você". No final desse período (quando eu peguei uma DP de Contabilidade, porque aquela merd@ simplesmente não entrava na minha cabeça), eu me transferi pro curso de Jornalismo. E deu certo.
KC - Meu primeiro emprego foi no jornal Folha de Mogi, onde fiquei um ano como repórter, principalmente. Também ajudava na diagramação e no fechamento, mas na reportagem, fazia Salesópolis (muuuuuitas notícias). Depois fui pro Diário de Suzano, onde fiquei quase dois anos na editoria de Região. Depois trabalhei no Diário do Alto Tietê pelo mesmo período, cobrindo também várias cidades do Alto Tietê. Desde o começo de 2010, trabalho como assessora de imprensa do vereador Rafa Garcia (Suzano). Também respondo pela comunicação do PSD Suzano.
KC - Eu percebo que há muitas pessoas que acabam se decepcionando com o jornalismo quando percebem que você tem que fazer as coisas de acordo com o sistema, mas como eu não tinha expectativas ou perspectivas com relação à minha futura profissão quando entrei na faculdade, não tive essa decepção que é natural de todo mundo que entra num curso de jornalismo com utopias, achando que vai mudar o mundo ou que vai ser o melhor repórter de guerra do mundo.
KC - Já tive várias "piores" e poucas "melhores". Acho que as melhores foram aquelas que a gente se encontrava de bando e o entrevistado atrasava, e a gente passava horas conversando sobre o que tinha acontecido nas pautas por aí. Inclusive, essa é uma das coisas que eu sinto falta de estar numa redação. Eu lembro de duas piores. Uma delas foi a cobertura da votação de um pedido de abertura de investigação contra o prefeito de Suzano, Marcelo Candido, em (acho) 2008. A galeria tava cheia de funcionários da administração e badernistas tentando impedir a votação e a imprensa tava encurralada em um canto, absolutamente sem proteção nenhuma. A polícia veio, entrou no plenário, tentou acalmar as coisas, mas sabe como é esse pessoal, né... Acabou que a galera teve que ser expulsa na base da porrada e eu tomei um gás de pimenta na cara que me deixou três dias com a garganta inchada, mal podendo falar. A segunda pior, acho que foi uma em Itaquá, na Vila Sônia, que foi a valente aqui acompanhada de Monalisa Ventura, outra gigante. A galera tava protestando porque queria iluminação na passarela sobre a estação de trem Manoel Feio, que era bem perigosa e onde aconteciam vários estupros. Daqui a pouco, chega uma galera não muito confiável, com quem a Mona trocou uma ideia e ficou super truta nossa. Eles subiram em poste pra quebrar as lâmpadas, quebraram a passarela com marreta e botaram fogo no mato em volta da passarela. Eu pensei muito que eu ia morrer queimada ou asfixiada. Mas depois chegou a polícia e tudo voltou ao normal.
KC - Nooooossa, complicadíssimo essa. Tem tanta gente que eu gosto. Mas eu vou citar três por diferentes motivos, que passaram um momento um tanto trabalhoso e árduo juntos, coincidentemente na época do DAT. Uma delas é o Tiago Pantaleon, que pelo que eu conheci na época em que éramos próximos, sempre foi uma pessoa extremamente inteligente, minuciosa e cuidadosa, tanto para apurar matérias como repórter, quanto no trabalho de editor. Outra pessoa é o Delcimar Ferreira, que eu amo de paixão. Ele também sempre foi um repórter muito cuidadoso na época em que trabalhávamos juntos e trazia coisas muito boas. A terceira pessoa é a Cássia Siqueira, que agora está meio afastada do jornalismo, partiu para a área do Direito. Ela sempre foi muito boa em apuração, sem contar os especiais que ela fazia que eram muito "especiais" pelas informações que reunia. Sem contar que a Cássia também tinha uma paciência de Jó (sem mais detalhes). E tem os fotógrafos também: o Irineu Jr, que é meu irmãozasso; o Osvaldo Birke, que tem uma visão fudid@ de foto; o Amilson Ribeiro, o Daniel Carvalho, o Marcelo Alvarenga e muitos outros...
KC - É a arte de passar informações de uma forma simples, compreensível e verdadeira a qualquer pessoa. Só isso. Sem idealismo. Sem utopias. Sem hasteamento de bandeiras. Se quiser lutar por alguma causa, usa alguma forma de arte. É pra isso que a arte serve.
KC - O que eu mais odeio é fácil: "repercute" com a população. Sempre odiei sair por aí pra fazer esse tipo de matéria porque, além de ser desgastante, ninguém lê e não tem utilidade nenhuma num jornal, a não ser matar espaço na página. Tipo ir fazer pauta de Finados e começar a trocar ideia com um senhor que tá ali visitando o túmulo da filha que morreu recentemente de forma trágica... É fod@, meu... Acho muito invasivo. Mesma coisa que repercutir com qualquer manolo no meio da rua sobre tapete de Corpus Christi. Que resposta boa que o cara vai te dar? "Ah, muito bonitos os tapetes". MEU, no que isso contribui com informação pro leitor? Nada. E o que eu mais gosto acho que é a possibilidade de você conhecer diferentes pessoas todos os dias. Claro, pessoas que realmente vão te passar uma informação legal, que realmente vão contribuir com seu trabalho.
KC - A maior parte do meu tempo como jornalista, eu trabalhei em redação. E apesar do trabalho ser muito legal, tem hora que cansa. É muito estresse e tem uma hora que seu trabalho não flui mais. Quando eu fui embora do DAT, tava na hora já de dar uma parada nesse ritmo. Até mesmo porque existem tantas coisas que você pode fazer no jornalismo... Acho que eu já estava querendo mais, como ainda estou até hoje. Com relação a alegrias, com certeza, tenho que destacar as amizades. Foi pelo jornalismo que conheci muitas pessoas especiais, que fizeram e fazem parte da minha vida. O jornalismo não poderia ter me dado coisa melhor.
KC - Quero mais fotos! Sempre! E aproveito pra deixar meu voto na enquete: NÃO aos jornalistas de fora. O Alto Tietê tá cheio de profissionais ótimos e interessantes pra serem entrevistados e pra gente conhecer mais deles!
KC - Acho que o principal é que, com o 100 Comunicação, os jornalistas da região têm um canal de comunicação, pra ficarem sempre atualizados sobre o que acontece nos bastidores. Mas acho que deveriam ter maaaais detalhes de bastidor. Tipo "o fulano levou uma microfonada na cabeça em tal pauta" ou "o editor tal cortou tal trecho de matéria do cara e ficou sem sentido".
KC - Eu não tenho o sonho nem o desejo de passar o resto da minha vida atrás de uma mesa ou sendo escrava do relógio. Um sonho meu é fazer faculdade de Cinema. Adoraria fazer um filme um dia desses ou, pelo menos, fazer algum curso de Audiovisual, pra fazer uns curtas. E queria ser escritora. Eu já comecei a escrever uns cinco livros e todos eles tão inacabados. Inclusive tem um livro de citações no meio. Citações minhas, claro. Sou muito poeta (NOT!).
KC - Porr@ se trouxe problemas. Os principais foram as demissões que eu tive, porque eu simplesmente tenho a boca maior que o cérebro. Quando esquentava o sangue, eu começava a atirar pra tudo quanto é canto. Hoje, com mais maturidade, tendo tomado mais porradas da vida e com um espírito mais diplomático, tô bem melhor pra começar a fazer caô. Hoje em dia, caô somente em caso de extrema necessidade. Mas também é AQUELE caô. As vantagens foram que eu também conquistei muita coisa por causa do jeitão. Consegui muitas fontes, matérias, emprego (acho que o Rafa me chamou pra trabalhar com ele exatamente por causa desse meu jeito). Na minha vida pessoal, o legal é que eu aprendi a canalizar o "jeitão", que eu usava desnecessariamente em algumas ocasiões e deixava de usar em outras.
Perguntas para quebrar o gelo:
KC - Teve a vez que eu chamei o Cláudio Lembo, que tinha assumido o cargo de governador, de "secretário" no meio da coletiva com um monte de nêgo de São Paulo. Quando eu me toquei que eu tava falando merd@, eu fiz uma cara de "poatz" e o Lembo percebeu. Ele foi muito bonitinho. Teve uma vez que um prefeito da região tava falando comigo e voou um teco de baba branca da boca dele no meu braço, aí ele mandou um "ô, desculpa filha" e esfregou com a mão pra secar, sabe? Teve também a vez que eu liguei prum padre de Suzano, não lembro se era num feriado ou se era muito tarde, e eu mandei um "ô, padre. Desculpa tá enchendo o teu saco, mas...". A redação inteira começou a rir. Ai, sei lá. Teve tanta coisa... Eu chegava praticamente todo dia das pautas, contando pra galera da redação alguma patifaria que tinha acontecido comigo na rua.
KC - Na verdade, eu odeio sair em foto, apesar de ser meio aparecida. Minha cara é muito redonda e não é sempre que eu saio bem, dependendo do ângulo e da quantidade de maquiagem que eu passei no dia. Então sempre que algum "coleguinha" fotógrafo vai tirar uma foto minha escondida e eu percebo, eu ergo o dedo do meio. É um gesto multifuncional: ao mesmo tempo que manda um "fuck off" pro dono da máquina, deixa a foto inutilizável. Afinal de contas, não é todo mundo que tem coragem de publicar uma foto com uma moça mostrando o dedo do meio.
KC - Cada lugar tem suas vantagens. A assessoria de imprensa, nessa minha fase de vida, é mais interessante, pois além de eu ganhar mais, eu tenho mais tempo pra ter uma vida de verdade, sem ficar escrava de pauta, relógio ou ranitidina. Mas trabalhar em redação é apaixonante, exatamente pela correria, apesar de ser muito mal remunerado e muito desgastante.
KC - Esse descarte do diploma de jornalismo aconteceu bem em uma época em que o Gilmar Mendes era amigo do Lula. Como o governo lulista tava atolado em lama, igual a qualquer outro governo petista do qual eu tenho conhecimento, e os veículos de comunicação noticiavam isso na mesma velocidade em que pipoca voava da panela quente, os caras devem ter falado: "vamo tê que dá um jeito nesses FDP". É uma estratégia tipicamente petista: desqualifica o serviço dos outros na tentativa de se impor. Dessa vez, foi em escala nacional. E ainda por cima, eu tive que aguentar um monte de jornalista diplomado sem noção falando: "ah, porque o diploma não é necessário. Antigamente os jornalistas não eram diplomados. Um bom trabalho jornalístico depende da visão de quem o faz". Um jornalista de verdade nunca falaria isso. Um jornalista de verdade defenderia com unhas e dentes a exigibilidade do diploma para a valorização da sua profissão (que hoje, infelizmente, está completamente marginalizada) e saberia que essa decisão do STF foi absolutamente política, com o intuito de fazer com que a qualidade dos serviços jornalísticos diminuísse (menos diploma, menos técnica) e que o rabo preso aumentasse (menos diploma, menor qualidade, mais jornais com matéria paga saindo por aí). Quem sai prejudicado nisso é a população, que depende da Imprensa para representar seu prêmio maior, que é a democracia.
Não vou mandar nenhuma mensagem pro Gilmar Mendes, porque como ele é magistrado, ele pode mandar me prender por desacato. Principalmente porque, como eu tô falando mal de petista nessa resposta, esse post vai rodar...
Ping Pong (novo espaço – respostas simples e diretas)
KC - Curintia!
KC - Escrever um bestseller.
KC - "Crucify" - Tori Amos.
KC - Uma forma de analisar o mundo.
KC - Aprendizado.
Reflexões.
KC - Assustador.
KC - Apaixonada.
KC - Galerinha do mal que quer fazer jornalismo porque gosta de aparecer, tem o sonho de entrar na Globo ou acha que vai ser o próximo William Bonner: ESQUECE! Ser jornalista é extremamente desgastante, estressante, sugador de energia, não-recompensador e ganha-se muito pouco. Vale à pena? Vale. Só se você ama muito o que faz e tiver prazer nisso. Se você quiser ganhar dinheiro, casar e ver seus filhos crescerem sem o risco de ser acometido por um câncer de estômago aos 40 anos, vai fazer engenharia. Um beijo a todos, paz e amor!
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Sou fã da Khadidja!
ResponderExcluirGostei muito da entrevista, se não tivesse sido ainda com a Khadidja eu ia sugerir que fosse. Obrigada por tudo que você me ensinou na redação, são lições que levo até hoje no cotidiano da profissão. Com você eu aprendi a "meter as caras", coisa que você não souber, é devorado no jornalismo. Valeu, Khadidja! Aproveito para falar que também sou muito agradecida ao Tiago, ao Delmcimar e à Cássia. Trabalhar com vocês foi uma escola!
ResponderExcluirSem comentários pra Khadidja!
ResponderExcluirE parabéns ao Ronaldo pelo blog...
Vou publicar essa matéria no meu FB agora...
Compartilhem!
bjs e abraços
Grande Khadidja! Obrigado pelas palavras, agora, me desculpe mas, você se esqueceu de contar uma das passagens mais engraçadas que eu já vi contigo na redação. Permita-me rememorá-la...
ResponderExcluirCobertura pré-carnaval, a gente apurando o que as escolas de samba vão levar de enredo para a avenida e você liga para uma agremiação e fala com uma das sambistas. Em um determinado momento, você pede para que a pessoa passe a letra do samba e os caras começam a cantar com o toque do surdo, do pandeiro e do tan-tan pelo telefone. E você do outro lado da linha começa a dizer: "ô moço, moço, moço tá me escutando" e o samba comendo solto. Só de lembrar já dou risada. Enfim, só para lembrar que nesta nossa carreira, a gente se ferra de verde e amarelo, mas também dá boas risadas. Bjos mil!
Voce esta de parabens Khadidja...
ResponderExcluirMuito Sucesso...
Torço por voce!
Aêêê Khadidjão ganhamo forever... Parabéns, vc merece!
ResponderExcluirTrabalhar com vc é uma honra!!!
Sucesso sempre!
Ótima entrevista...Khadidja é nota 1000.
ResponderExcluir=)
Aeeee Khadidja! Parabéns pela entrevista e pela transparência demonstrada. Hoje você é vitoriosa e reconhecida profissionalmente em virtude de seu esforço, inteligência e determinação! Vai CORINTHIANS! rs
ResponderExcluirSe tem uma coisa que admiro em qualquer pessoa é a sinceridade.... e sinceridade sobra nessa mulher.... Todo sucesso do mundo pra vc....
ResponderExcluirshow de bola...sou fã da Campos!
ResponderExcluirbeijossss sua linda!
Galera, primeira coisa: parabéns pelo blog!
ResponderExcluirCom relação à entrevista... Não poderia ter sido melhor! Apesar desse jeitinho 'malandro/hawaiano de ser' (piada interna), nunca vi uma profissional tão competente e comprometida.
Já acompanhava o blog, agora é acesso diário! =)
Sucesso pra todos vocês!
#RafaPrefeito2012
#GANHÔ...É possível ver nas respostas transcritas boa parte de você, e Hashtag no Gilmar Mendes.
ResponderExcluirKhadidja parabéns pela entrevista vc é fodona mesmo rsrsrsrs... adoro seu jeito verdadeiro e pratico, infelizmente essa sua sinceridade as vezes incomodam algumas pessoas e lhe causam alguns problemas mas saiba sou seu fã, continue sempre assim bjão.
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