Durante essa primeira entrevista, vocês terão o prazer de conhecer ÉRICA CRISTINA FRANÇA, 28 anos, jornalista desde 2003 e atual assessora de imprensa da Câmara Municipal de Cubatão, dona de um profissionalismo exemplar e de uma indignação com as injustiças sociais, ignorância, falta de respeito e de solidariedade no mundo, ela também é curiosa, que quer conhecer o mundo e entender um
pouquinho melhor as pessoas.Em oito anos de profissão, ela já passou pelo Diário de Suzano, Diário do Alto Tietê, Norte Digital
Entretenimento, Sindicato dos Químicos de Guarulhos, Secom da Prefeitura de Suzano e, desde fevereiro deste ano, atua na Câmara Municipal de Cubatão, após ter sido aprovada em um concurso público.
100C - Por que o jornalismo?
ECF - Porque acreditava que o Jornalismo me daria ferramentas
para melhorar um pouco o mundo, lutar contra as injustiças e porque me
ajudaria a sanar um parte da minha curiosidade e a conhecer o mundo e as
pessoas.
100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
ECF - Difícil esta pergunta, prefiro citar algumas boas e ruins:
Pautas bacanas:
*A inauguração de um hospital no bairro dos Pimentas, em
Guarulhos, com a presença do então presidente Lula. Lembro-me que estava no DS
e fiz a manchete, que foi dizendo que o Lula poderia visitar a região; *Depois, como assessora da Prefeitura, fui a um comício
da Dilma, também em Guarulhos, quando o Lula ainda era presidente e se
comprometeu a ir a Suzano inaugurar o Instituto Federal. E foi bacana fazer
esta matéria; *Depois, finalmente, cobri o Lula em Suzano, o que foi
bem legal; Também gostei muito de cobrir os Jogos Regionais e
Abertos pela Prefeitura. Foi divertido e instrutivo.
Pautas ruins:
*As enchente em Mogi das Cruzes. Lembro-me uma vez que fiz um rescaldo e fui a uma favela (não me lembro qual era). Ao entrar na
casa da mulher, em uma rua de terra, lá no fundão, as crianças estavam em cima
da cama sem poder pisar no chão, que era de terra batida e estava tomado pela
água. Nunca me esqueci desta cena; *Pessoas com Deficiência, em Suzano. Uma vez fui à casa de uma moça que é deficiente física e
ela era uma personagem para a pauta. Ela morava em Palmeiras, em um lugar de
difícil acesso. Para chegar à casa dela, eu e o Mauro Manoel (fotógrafo do DS) subimos a rua de
terra a pé, porque não era asfaltada e não passava carro. A moça ficava em um
quarto do fundo, separado da casa, e como era pobre, ela não saía de casa. Ela
não tinha cadeira de rodas, a família não tinha carro e, por esta razão, ela
passava a vida nesta cama. Ela chorou muito enquanto falava comigo porque o
sonho dela era viver, sair de casa e ela não podia. Eu voltei pra redação
chorando no carro, neste dia;
100C - Há outras, certamente, mas estas boas e ruins foram as
que vieram à mente.
Se possível, destaque três colegas do jornalismo na
região que você admira o trabalho.
ECF - Só três? Há alguns profissionais dignos de nota. Para
figurar a lista, entram: Silmara Helena (Secretária da Secom/Suzano);
Taís Aranha (Diretora da Secom/Suzano); Mara Flores, repórter do Diário
de Mogi. Mas também o Júlio Nogueira, da Secom/Suzano, o Fábio
Mendes (aham!), ex-Mogi News e atual Band, o Evaldo Novelini, ex-Diário de Mogi
e atual Diário do Grande ABC, a Carol Brusarosco, do DS e o Ronaldo Andrade, do
100 Comunicação.
100C - O que é o jornalismo para você?
ECF - Jornalismo é vocação. Muitas vezes é quase um trabalho
voluntário e filantrópico. Mas é algo de paixão mesmo, que corre nas veias. Jornalismo nos coloca em mãos uma grande ferramenta de
transformação do mundo, a Comunicação. É muito difícil fazê-la chegar a quem
realmente precisa e da forma correta, sem interferências. Mas esta é nossa
missão.
100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas
pautas?
ECF - Gosto de conhecer as pessoas. Trocar ideias, conhecer
novos mundos. Adoro poder ser curiosa com os entrevistados e fazer inúmeras
perguntas, também gosto de ser convidada para ir na casa das pessoas,
especialmente em bairros mais distantes, para tomar um café e comer um bolo! :)
O que não gosto? A arrogância com que algumas fontes nos
tratam. Há pessoas que se julgam donas da verdade, detentoras do poder pois têm
as informações em mãos. Já fui maltratada por muita gente. O caso que mais me
marcou foi um delegado de polícia de Mogi das Cruzes, para quem pedi uma
informação. Ele me chamou para dentro da delegacia, me levou para a sala dele e
colocou o dedo na minha cara, perguntando se eu não sabia a importância do
trabalho dele, se eu não me importava em ficar o atrapalhando. Foi horrível. E
eu era tonta, não fiz nada. O pior é que o fotógrafo que estava comigo, na
época, era o Macedo. Mas o delegado não o chamou para a salinha...fdp!
100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o
jornalismo?
ECF - Me alegrei algumas vezes quando as pessoas me ligavam
para agradecer por alguma matéria. Já houve vezes em que o buraco da rua foi
tampado por causa da matéria, que a entidade recebeu doações e voluntários.
Também fico feliz quando reconhecem meu trabalho. Minha maior alegria foi o convite de trabalho recebido
por uma pessoa que eu admiro muito. E a razão alegada por ela para o convite
foi meu bom trabalho e a imparcialidade que tive durante um período tratado. Minha maior decepção foi comprovar que os veículos de
Comunicação só funcionam de acordo com seus próprios interesses. Sempre houve a
desconfiança, claro, mas a confirmação veio quando trabalhava com edição.
Antes, as minhas matérias eram cortadas. De repente, recebi orientações para
cortar frases dos colegas repórteres - frases que iriam prejudicar um prefeito
ou político que "era parceiro" do jornal. Recebi ordens de não colocar
tal matéria ou de abrir a página com dado assunto. E entendi que aquilo é o
Jornalismo praticado na maioria dos veículos, na maior parte da mídia do nosso
País. Isso é deprimente.
100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
ECF - O 100 Comunicação é um site muito bacana, que conseguiu
agregar e unir os profissionais do Alto Tietê. E esta é uma enorme conquista.
Apenas sugiro que as questões de interesse dos profissionais continuem a ser
tratadas neste espaço, como a busca pelo diploma, o respeito pelos direitos da categoria.
100C - Uma vez jornalista e sempre jornalista ou ainda
pretende trocar de área? Por quê?
ECF - Considero-me jornalista para sempre, porque, como disse,
o sangue de jornalista/repórter corre nas veias. Mas já me perguntei inúmeras
vezes se deveria continuar na profissão ou trocar de área. Os motivos das
dúvidas são a alta carga de trabalho, os baixos salários e, principalmente, a
frustração de conseguir fazer as informações importantes alcançar a maior
parcela da população, sem interferências e "censura". Mas estou
ficando, ficando e acho que vou ficar mesmo.
100C - O que você espera do seu futuro pessoal e
profissional?
ECF - Bom, a maior parte das utopias foi por terra. Não acho
mais que eu consiga mudar o mundo. Mas ainda assim continuo tentando contribuir
para mudar o que está mais próximo. Hoje tento fazer com que o que
escrevo/produzo chegue às pessoas que precisam se conscientizar em relação à
política e aos acontecimentos políticos do município para elas conseguirem
mudar alguma coisa, melhor o nível dos nossos governantes.Tenho a intenção de, no futuro, ir para a área acadêmica.
Comecei a pós-graduação, tive de parar, mas não desisti da ideia de voltar à
escola, fazer pós, mestrado e seguir carreira neste segmento.
Foto retirada da páginda da entrevistada no Facebook
Foto retirada da páginda da entrevistada no Facebook
Adorei o "Raio-x" e ainda mais com essa entrevistada.
ResponderExcluirNão me lembro exatamente como/onde conheci a Érica. Se eu não me engano, foi num freelance, não sei de do DS... enfim! Só sei que ela é um amor de pessoa. Sempre muito simpática e prestativa.
Tenho uma amiga (Gisele Guedes) que sempre falou tão bem da Érica, que não tem como não gostar dela, mesmo sem ter um contato diário!
Beijos!!!
Que bom que você gostou Fernanda, porque você já está na lista de próximos entrevistados...rs
ResponderExcluirMe enche de orgulho ler esta entrevista, mais ainda, pelo caráter da entrevistada. Sempre foi idealista, mas a vida acaba por derrubar alguns, felismente não todos.
ResponderExcluirSó lamento que a vida de jornalista seja tão dificil, mal paga e, para piorar, o diploma não ter valor. é como se você quimassemês a mês o dinheiro pago em faculdade.O que vale é que temos que continuar lutando para que seja, novamente, válido e reconhecido o diploma de vocês.
Izabel Cristina
Bem bacana essa nova seção. Sou jornalista, moro no AT, mas infelizmente não tenho contato com muitos profissionais que acompanho e desenvolvem um bom trabalho, mesmo diante de todas as restrições e dificuldades. Esta é uma forma de conhecer um pouco além das pautas e dos comentários no Facebook.
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