terça-feira, 27 de setembro de 2011

Seção Raio-X nº 04 - Anderson Fernandes


A quarta entrevista da Seção Raio-X apresenta ANDERSON TADEU FERNANDES,  26 anos, que já conta em seu currículo com oito anos de Jornalismo, desde que se formou pela Universidade de Braz Cubas (UBC), onde também fez pós-graduação em Gestão Estratégica da Comunicação.
Nascido em Suzano, Anderson vive em Poá desde os seus primeiros dias de vida, Anderson só se deu conta de que o Jornalismo era a profissão certa após ter se arriscado na Publicidade em 2001, quando percebeu que não seria um bom publicitário apesar de ter passado a vida achando o contrário. “Desde a infância e adolescência sempre gostei muito da área de propaganda e marketing, porém, gostar e ter talento são coisas totalmente diferentes”. Após ter iniciado o curso de Publicidade, sentiu que aquela área não era a dele e como tinha alguns amigos (Cesar Figueiredo e Edson Lopes) que cursavam Jornalismo, trocou de curso e acabou gostando da profissão que, atualmente, ele não se imagina longe dela.

Confira a entrevista e conheça um pouco mais sobre esse grande profissional que, atualmente, exerce a função de editor do jornal Diário do Alto Tietê.

100C - Quem é Anderson Fernandes?
AF - Não gosto muito de auto-avaliações, até para não parecer pretensioso. Porém, tem uma frase do Mano Brown que representa muito do que acredito. Ele diz: “O discurso contra a elite foi defendido por toda uma geração. De 1988 até hoje. Algumas idéias foram insistentemente repetidas durante uma época, em palavras, em discos. Essa mensagem de vencer, de lutar, seja negro, tenha orgulho, não abaixe a cabeça, responda, estamos juntos, quase não existe mais. Como filosofia de vida, a primeira que aprendi e fielmente tentei seguir foi se imponha, você não depende deles, muitos de nós já foram esmagados". Então acho que sou uma pessoa que busca todos os dias não depender de ninguém. O que eu quero luto para ter, com dignidade, sem pedir favores ou ficar fazendo ‘esquemas’.

100C - Depois que você entrou para essa área, você já trabalhou aonde, onde trabalha atualmente e há quanto tempo (qual função exerce)?
AF - Comecei na profissão em 2004, no Diário de Suzano, como repórter de Esportes, depois entre 2005 e 2006, tive passagens pelas assessorias de imprensa da Prefeitura de Suzano, Associação Suzanense de Beisebol e Softbol e TopClip Produções Ltda. Retornei ao Diário de Suzano em 2006 como repórter de Região e deixei a empresa em 2010 como editor-adjunto. Ainda em 2010 desenvolvi algumas atividades para Folha Metropolitana de Guarulhos. Atualmente estou no Diário do Alto Tietê, do Grupo Mogi News, onde hoje faço parte da equipe de edição, juntamente com os brilhantes jornalistas Tiago Pantaleon e Delcimar Ferreira. Paralelamente, também me dedico ao Blog do Fernandes (www.blogdofernandes.com), criado em dezembro de 2007.

100C - Qual foi a pior pauta que você cobriu?
AF - Não vou falar de uma ruim, mas de uma que foi desagradável. Há alguns anos, Suzano tinha um time de vôlei de ponta e eu fazia cobertura diária da equipe, porém, o técnico do time era bipolar, um dia me tratava bem no outro era arrogante e, em certa ocasião, após uma derrota da equipe, fui cobrir o treino e quando ele me viu entrando no ginásio me mandou sair e ainda me xingou de nomes que prefiro não citar. Tinha uma série de pessoas no local, inclusive imprensa de São Paulo. Foi algo meio constrangedor. Mas lembro até hoje quando ele foi demitido. Foi me procurar no jornal e pediu matéria. No final me chamou até de “amigão”.  Ser jornalista é um barato por causa deste tipo de situação.

100C - E a melhor?
AF - No Diário de Suzano fiz uma série de matérias legais, mas a principal foi sobre a prática do “Jogo do Bicho” em Suzano. Visitei pelo menos uns 15 pontos na cidade e publiquei como funcionava o esquema. Essa reportagem deu um rolo danado, fui processado, respondi inquérito, fui testemunha na investigação da Polícia Civil sobre o problema e o mais grave, recebi ameaças. Lembro que na época falaram até que iriam colocar fogo no jornal. Ser jornalista é um barato por causa deste tipo de situação (risos).

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
AF - Vou falar das pessoas que me ensinaram a trabalhar, que me ajudaram a ser um melhor jornalista. Sem dúvida alguma são eles Edgar Leite, Marco Aurélio Sobreiro e Paulo Martins. Também tenho grande admiração pelo trabalho realizado por Márcio Siqueira. Outra pessoa que mudou a minha forma de pensar sobre algumas coisas foi o Ale Rocha. Admiro a luta dele e a paixão que ele tem pelo jornalismo.

100C - O que é o jornalismo para você?
AF - Faço minha as palavras do mestre Cláudio Abramo: “O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.”

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
AF - Odeio pautas comerciais. As pessoas têm a estranha mania de achar que porque estão pagando para sair no jornal podem ter dar ordens e tratar jornalista igual cachorro. E adoro escrever sobre números, sou especialista em levantamentos. Também gosto de pautas de caráter social, falta um pouco mais disso nos jornais. Hoje os principais veículos de comunicação fazem jornalismo para o Poder Público e muitas vezes se esquecem das prioridades da população.

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
AF - A maior alegria foi me formar, após quatro anos de muito sacrifício e estudo. A maior decepção é olhar aquela porcaria de diploma que está pendurado na minha parede e saber que ele não vale nada. Outro dia fui ao Ministério do Trabalho resolver algumas pendências quanto ao meu MTB (registro de jornalista) e tinha um cara com ensino fundamental incompleto requerendo o documento. O duro não é isso. Pior é imaginar que este mesmo cara pode estar no mercado de trabalho, cometendo abusos, sobre a alcunha de jornalista. Já que o diploma não é obrigatório, acredito que a pessoa para atuar na área deveria ter no mínimo o ensino superior. MTB para qualquer um é o sucateamento do jornalismo.

100C - O 100 Comunicação está preparando um estudo para preparar uma espécie de tabela de referência para freelas no Alto Tietê, uma vez que, a tabela do sindicato não condiz com a realidade da nossa região. Você é a favor ou contra? Por quê?
AF - Sou a favor. Toda iniciativa que proponha melhorias para profissão é válida. Porém, acredito que a discussão deve ser mais ampla que apenas nas redes sociais e também não acho justo que os preços cobrados aqui na região sejam menores que os da Capital. Aqui trabalhamos igual ou até mais que muitos jornalistas de São Paulo. As fontes são de menos expressão, porém, a forma de trabalhar é a mesma. Por isso não deve ter diferença de valores. Mas, a iniciativa é ótima.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
AF - Você deve, com urgência, entrevistar o Carlos Nego, do Diário de Suzano. Não tem como deixar o nobre jornalista de fora do 100 Comunicação.  Não tem como falar de jornalismo regional sem lembrar do Carlos Nego.

Para quebrar o gelo:

100C - Vamos falar um pouco sobre o seu blog, o que te motivou a criá-lo?
AF - Criei o blog em 2007 para postar as matérias que eu produzia para o Diário de Suzano. Depois viciei e a coisa foi aumentando um pouco. Entre 2009 e 2010, insatisfeito com o template do blog, fui fazer um curso em São Paulo voltado para linguagem Blogger. Aprendi HTML, Fireworks, Dreamweaver, Flash e comecei a trabalhar em algo mais moderno para meu blog. Hoje ele apresenta um visual parecido com de um portal. Mas, ainda não estou totalmente satisfeito. Estou trabalhando em melhorias e em janeiro, após a premiação do Top Blog, colocarei em prática.

100C - Que assuntos aborda no blog?
AF - Tenho como foco principal noticiar acontecimentos da nossa região (Alto Tietê). Mas, também gosto de abordar outros temas. Na verdade, hoje o trabalho está bem amplo. Além das matérias e entrevistas que produzo, recebo muito material de assessorias de imprensa e seleciono muita coisa.

100C - Qual é a média diária de acessos?
AF - Depende muito do que é publicado. No dia que coloquei a entrevista com o Mauricio de Sousa, por exemplo, tive pico de 4.500 acessos. Porém, a média é de 1.500 e 2.000 acessos por dia. Em agosto o blog teve aproximadamente 70 mil acessos. É bastante coisa. Mas, tudo pode ser melhorado (risos).

100C - O que você costuma fazer fora da redação, como é a sua rotina em casa? O que você costuma fazer para se divertir?
AF - Gosto muito de livros, inclusive estou terminando de ler o "O olho da rua", da jornalista Eliane Brum. Também gosto muito de cinema e de praticar atividades físicas. Sempre que posso jogo futebol, vou para academia, também pretendo retomar as aulas de kickboxing e muay thai.

100C - O 100 Comunicação fez, recentemente, uma revelação sobre a sua personalidade e apresentou uma foto onde você está todo feliz com uma bananinha na mão. O que você tem a falar sobre esse seu gosto por bananas (maliciosa... rs) (veja aqui)?
AF - Cara, essa é uma história longa. Em 2007 passei no endocrinologia, porque era muito magro. Tinha 59 quilos e 1,85 de altura. Então ele me orientou a fazer atividades físicas e me alimentar melhor, então comecei a fazer musculação e a treinar kickboxing e muay thai, porém, sentia muitas câimbras, voltei no médico e ele disse para eu começar a comer bananas, pelo menos umas oito por dia, disse que isso também ia me ajudar a engordar. Bom, então comecei a levar a fruta para redação e o pessoal começou a encarnar na minha (risos). Tenho a fama até hoje, mas o importante é que engordei 21 quilos e não sinto mais câimbras (risos).

100C - Para finalizar, deixe uma mensagem para os estudantes de jornalismo e para os foquinhas sobre como devem agir para poder se firmar nessa área.
AF - Vou ressaltar três coisas. Primeiro é importante eles saberem que não vão mudar o mundo. Segundo, é bom eles terem consciência que 90% do que os professores falam nas faculdades e universidades sobre liberdade de expressão e ética não existe no mercado. A liberdade e ética que muitos jornalistas têm são as que o patrão determina, então, para se firmar na área, ou você aceita as condições determinadas pelas empresas de comunicação, ou tenta correr por fora, com trabalhos independentes, o que é mais difícil, mas não é impossível. E terceiro e muito importante: dediquem a maioria do tempo disponível para lerem jornais, revistas, sites de notícias e tudo o que tiver material jornalístico no meio. Inclusive, quem tiver em dúvida sobre a profissão, leiam ‘Abusado - O Dono Do Morro Dona Marta', livro-reportagem de Caco Barcellos, é uma das publicações que me motivam continuar na carreira. Jornalismo puro.

CONFIRA também as entrevistas deste mês de setembro com Márcia Dias, Fábio Henriques e Érica França.

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