terça-feira, 13 de setembro de 2011

Seção Raio-X nº 02 - Fábio Henriques


O Diretor da Secom/Poá, FÁBIO HENRIQUES DOS SANTOS PEREIRA, 31 anos, é o entrevistado do dia na Seção Raio-X que, todas as terças-feiras, apresentará um colega de profissão com o objetivo de aproximar os integrantes desta classe tão desrespeitada e castigada.

Foi no dia 16 de agosto de 2000 que Fábio, nascido e criado em Poá, deu início a sua carreira jornalística, no jornal Notícias de Poá. Desde então, já se passaram 11 anos e, neste período, ele passou por algumas redações chegando na área da assessoria de imprensa e, atualmente, coordena a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Poá. Espontâneo e extremamente estrategista, é assim que ele se define, uma vez que, não move uma palha sem pensar em todas as conseqüências e por isso dificilmente me arrependo de alguma atitude. Por onde passou, deixou um grande rastro de amizade que ele dá muito valor, pois, afirma que não troca uma viagem de 15 dias na Europa por um bom churrasco com as pessoas que gosta e com os verdadeiros amigos. Para ele, a vida é uma escola e, sendo assim, sempre está prestando muita atenção nos bons profissisonais, os quais ele respeita muito e sabe que com eles tem muito a aprender e crescer.

100C - Por que o jornalismo?
FH - Desde o pré, minha professora falava que eu ia fazer jornalismo, pois não parava quieto, só conversava, queria saber de tudo o que acontecia com todos. Ela até me chamava de Cid Moreira, na época nem sabia quem era (rs). Mas na verdade, no colégio a vontade de fazer jornalismo surgiu, pois sempre gostei de escrever. Meu negócio era escrever e ficar conversando na sala e conhecendo o pessoal da escola. A professora sempre pedia para eu sair da sala, pois eu não parava quieto. Não achava ruim não, porque ficava conversando com o servente, a tia da cantina… Gostava de conversar. Não fiz jornalismo com aquela ideologia de mudar o mundo e acho bom, pois teria me decepcionado. Quem pensa isso, vai descobrir um dia que é pura utopia.

100C - Depois que você entrou para essa área, você já trabalhou aonde, onde trabalha atualmente e há quanto tempo?
FH - Iniciei a minha carreira no Notícias de Poá, foi lá onde dei os meus primeiros passos como repórter e fotógrafo. Sempre no sob olhar atento do jornalista Silvio de Carvalho Filho, que dava inúmeras dicas de como melhorar em cada pauta. Fiquei um ano e meio em Poá e recebi uma proposta para trabalhar no Diário de Suzano, outra grande escola. Lá conheci diversos profissionais da imprensa que auxiliaram muito no meu conhecimento profissional, fiz diversos colegas, conheci brilhantes repórteres, mas a pessoa mais importante que conheci na minha passagem por esse veículo, não fazia parte do meio jornalístico e, sim do marketing, Fátima Ramos, gerente comercial da Rede DS até os dias de hoje. Além de cobrir cidades, polícia e economia, fazia todas as matérias comerciais da Rede DS e Fátima e eu formamos uma excelente parceria. Na sequência, fui para o Diário de Mogi, onde também conheci profissionais e seres humanos que sabem tratar da melhor forma um profissional, falo de Célia Sato e Eliane José. Mas minha passagem foi muito rápida, fiquei apenas duas semanas, pois recebi um convite para largar tudo e trabalhar com política. Na época, não sabia nem quanto ia ganhar, só sabia que ia trabalhar para um candidato que estava em 3º nas pesquisas na cidade de Poá. O convite veio do jornalista Aéssio Ramos Pinto, que me chamou para auxiliar na assessoria do candidato e ex-prefeito Roberto Marques. Fui com Aéssio assistir um showmício do Marques, no bairro Jardim São José, em Poá, somando correligionários e populares, havia umas 200 pessoas. Eduardão, candidato que estava em primeiro nas pesquisas, dois dias depois colocou 10 mil pessoas na Avenida Getúlio Vargas, em Calmon Viana, com um show do Exaltasamba. Mesmo assim eu virei para Aéssio e disse: "Aéssio, você tem razão, o Roberto Marques vai ganhar a eleição". Acompanhei de perto a virada de Marques, fazendo assessoria para sua campanha e ele venceu a eleição por 416 votos de diferença do grande favorito. Com isso, foi instituída a Secretaria de Comunicação Social na Administração poaense e Aéssio, que foi o primeiro secretário desta pasta na história de Poá e me chamou para trabalhar com ele. Por motivos políticos, ele ficou apenas três meses no comando, que foi assumido por Fernando Felippe, o qual nunca tive problemas de trabalho. Dois anos de governo, decidi alcançar vôos mais altos e abri meu próprio jornal, O Semanão, que durou apenas três meses por falta de recursos, mas nesse período tive a oportunidade de conhecer o vereador Testinha. Dois anos antes da eleição eu virei para o meu sócio, o jornalista Julien Pereira e disse: "Julien, esse "cara"vai ser o próximo prefeito de Poá". Nesses dois anos muitas pessoas tiravam sarro da minha cara quando eu falava isso, até mesmo os secretários da gestão Marques. Eles falavam: "Vai lá apoiar seu amigo Testinha" e davam risada. E foi isso mesmo que eu fiz, apresentei Testinha para meu pai, José Luis Pereira, o Zé Luis, que sempre foi envolvido com política, principalmente a poaense, que abraçou mais do que eu a campanha do Testinha, que acabou vencendo e me convidou para assumir a direção da Comunicação do seu governo, onde estou até hoje.

100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
FH - A pior pauta acabou virando uma suíte, pois foi encontrado um corpo no Córrego Itaim em Poá e depois descobriram que esse corpo era de um famoso advogado de São Paulo, que foi sequestrado, morto e jogado neste córrego. No final acabei cobrindo a exumação do seu corpo ao lado dos filhos dele. Agora cobri diversas pautas boas, mas duas foram marcantes, uma delas foi de uma família que sofria há anos com ataques de escorpião na cidade de Suzano e as autoridades nada faziam para resolver o problema da família, fiz uma matéria bem forte juntamente com o brilhante repórter fotográfico Wanderley Costa, que acabou sendo capa do Diário de Suzano e mobilizou todas as autoridades que, em menos de uma semana, resolveram o problema da família, que me procurou na redação do jornal para agradecer a reportagem. Outra, foi cobrir a história de Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. Fiquei impressionado com o valor que ele é tratado em BH, onde tem um grande bairro com o seu nome. Fui no cemitério onde ele está enterrado, na igreja, onde também tem restos mortais dele, enfim, foram três dias pesquisando toda a sua história. Renderam excelentes reportagens, sobre um padre que fez muita história em Poá. Essa pauta cobri com o brilhante fotógrafo Fernando Araújo, com quem trabalho há 9 anos.

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
FH - Vou destacar quatro, são eles: Aéssio Ramos Pinto (Novo São Paulo), Eliane José (O Diário de Mogi), Oswaldo Birke (Mogi News) e Edgar Leite (Diário de Suzano)

100C - O que é o jornalismo para você?
FH - É uma profissão dura, muitas vezes injusta, pois é um trabalho muito árduo, principalmente quando se atua como repórter em redação, onde muitas vezes, principalmente em regiões como a nossa, não são reconhecidos pelos seus patrões. Em regiões como a nossa, o jornalismo vira moeda de troca e isso é muito triste. O nosso sindicato é muito falho, o Supremo Tribunal Federal cassou o nossa diploma e hoje qualquer cidadão se diz jornalista. Isso acaba com a classe e, principalmente, com o poder da imprensa, que sempre foi considerada o quarto poder, a voz de uma comunidade e hoje é uma voz que está totalmente rouca.

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
FH -  Na parte prática sempre gostei das pautas comerciais, acho que por isso gosto de fazer assessoria de imprensa, pois você vai escrever para defender o seu cliente (patrão). O triste das pautas, ainda mais quando você está em uma redação é quando o dono do jornal, o qual muitas vezes nem jornalista é, lhe chama com uma autoridade do lado e diz até o título da sua matéria. Isso não é jornalismo! Então é melhor fazer assessoria, pelo menos você foi contratado e está sendo pago para isso.

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
FH - A alegria foi participar de várias campanhas para prefeito como assessor. Na verdade atuei mais na parte de marketing das campanhas do que propriamente o jornalismo. Na campanha do Roberto Marques trabalhei na parte jornalística, com vídeos e textos, já na campanha do prefeito Testinha, trabalhei na parte de texto e criei um material publicitário que foi um gráfico, o qual mostrava a trajetória política na história de Poá, mostrando que Poá estava nas mesmas mãos há 16 anos e precisava de mudança. Foi bem bacana! No mesmo período desci a serra algumas vezes para atuar na campanha do candidato Paulinho, de Mongaguá, que também foi eleito. Digo isso, pois sempre gostei de atuar nos bastidores políticos. A maior decepção? Prefiro não responder.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
FH - Quero parabenizar o jornalista Ronaldo Andrade pela paciência de ficar alimentando o seu blog todos os dias e desejo que um dia o blog alcance vôos maiores e lhe dê um retorno financeiro.

100C - Uma vez jornalista e sempre jornalista ou ainda pretende trocar de área? Por quê?
FH - Minhas experiências me fizeram buscar novos horizontes, mas mesmo nessas escolhas sempre usarei o jornalismo e, principalmente, a comunicação como base.

100C - O que você espera do seu futuro pessoal e profissional?
FH - Tenho um projeto para os próximos meses. Depois que finalizar esse projeto verei o rumo que tomarei profissionalmente.

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