quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Seção Raio- X nº 14 - Ricardo Santo


A 14º entrevista da Seção Raio-X apresenta um fotógrafo que é uma verdadeira figura. João RICARDO do Espírito SANTO atua há fotojornalismo há três anos e meio enesse curto espaço de tempo já cativou inúmeros amigos no meio da comunicação. Nascido em Mogi das Cruzes, cidade onde mora atualmente, o fotógrafo se define como louco por natureza, amigo, companheiro, hiperativo demais, além de ser desorganizado ao extremo. “Isso é uma das coisas que preciso mudar urgentemente”, afirmou. Confiram a entrevista na íntegra e conheçam mais desse grande profissional e um cara super gente boa.

100C - Quem é Ricardo Santo?
RS - Alguém que não desiste dos objetivos tão facilmente. Música (tanto apreciando como compondo) e fotografia são umas das minhas paixões, além de cinema, séries e tecnologia (só me falta dinheiro)... sem esquecer os esportes, claro. Sempre que posso gosto de viajar e estar perto de meus amigos de verdade, namorada e família. Resumindo amo a vida em todas as suas formas.

100C - Por que o fotojornalismo?
RS - Na verdade, quando comecei a trabalhar, aos 13 anos, trabalhava com vídeo, filmava e editava casamentos para meu pai e profissionais do meio. Fiquei nisso durante muito tempo, acho que ate os meus 23 anos, com o tempo fui me desgastando e vendo que não era bem isso que queria, nesse meio tempo havia um primo meu que trabalhava no fotojornalismo, o saudoso Gino de Siqueira, e ficava admirado com essa profissão, adrenalina, sempre algo diferente, era isso que queria pra mim, a partir daí era isso que queria pra minha vida.

100C - Depois que você entrou para essa área, aonde você já trabalhou e em que cargo? Aonde você trabalha atualmente e há quanto tempo? Qual função exerce?
RS - Assim que descobri o fotojornalismo, comecei a correr atrás de algum jornal pra trabalhar, foi ai que entrei no Diário de Mogi, em abril de 2008, por intermédio do meu “chefe”, amigo e professor Edson Martins, o Edinho. Mas, quando entrei lá, foi para fazer o fechamento e arquivo do jornal, aceitei, pois só de estar no meio de uma redação fazendo parte daquilo já era bom  pra mim, levo até hoje como um aprendizado, quando entrei pensava que entendia bem de fotografia, mas percebi que engatinhava ainda, devo muito a esse tempo que passei e passo lá, recentemente em maio de 2010 minha querida amiga Juliana Nakagawa me convidou para trabalhar  em um projeto com ela na Folha Metropolitana, de Guarulhos. Hoje exerço a função de “editor de fotografia” no Diário e fotógrafo na Folha.

100C - Depois de tanto tempo atuando na área, como você o fotojornalismo? É exatamente aquilo que você imaginava? Por quê?
RS - É e não é, na verdade assim, sempre imaginei que fotografia jornalística sempre teria aquela adrenalina, correria e tal. Mas o que hoje em dia é aqui na região são mais reuniões e política. Uma vez ou outra acontece algo que me sinto realmente como fotojornalista, por isso quero partir rumo à capital, pra sentir aquela emoção e adrenalina que tanto procuro, fora que não é tão rentável, principalmente por aqui, onde os donos dos jornais não valorizam tanto tal profissão. Pensam que é fácil, já ouvi muito disso, mas só quem sai na rua e se molha em enchentes, se queima em incêndios ou tem que enfrentar uma multidão de outros profissionais e o povo quando tem “políticos importantes”, que sabe o quão árdua é essa profissão, só sendo louco e apaixonado pelo que faz mesmo... por isso estou aqui.

100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
RS - É difícil descrever qual melhor e pior pauta, boa pauta é aquela que rende fotos boas, que você sai satisfeito, literalmente com um sorriso no rosto e pautas que não gosto são aquelas que citei anteriormente como reuniões em prefeitura, câmara, etc. Mas uma boa foi quando tive que literalmente mergulhar no Tietê, estava com a Priscila Ribeiro cobrindo enchente em Mogi das Cruzes e pra conseguir imagens boas segui no meio do rio que já cercava as casas  com água ate o peito, haviam uns moradores com barco onde peguei uma carona segui com eles ate locais onde pessoas estavam ilhadas foi nesse dia que comecei a sentir o que realmente era aquilo, mesmo com o perigo de doenças e outras coisas estava feliz por estar ali e triste ao mesmo tempo por ver tantas pessoas passando por aquilo. Também tem casos recentes como o julgamento dos skinheads, onde juntamos todos os amigos fotógrafos em uma correria pra conseguir imagens boas deles saindo, adrenalina que sinto falta no dia a dia.

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo e fotojornalismo na região que você admira o trabalho.
RS - Todos com quem trabalhei me ensinaram alguma coisa, agradeço muito por algumas pessoas terem passado por minha vida, mas a Ju foi e é umas das mais especiais pra mim, jornalista excelente, inteligente, me ensinou e ensina muito ainda, admiro muito a perseverança do Warley Leite lembro dele no começo, correndo atrás das coisas sem mesmo saber se conseguiria ou não trabalhar ali, além de ser um ótimo profissional, daquele que vai até onde for pra conseguir o que quer, e meu querido amigo e “chefe” Edinho, que mesmo hoje, desgastado pelo tempo ainda segue firme e muito bem naquilo que faz, um dinossauro da fotografia, além de amigos e excelentes profissionais com Amanda Almeida, Thiago Campos, excelente repórter esportivo, foi pra África na Copa com seu próprio esforço, Evaldo Novelini,  Osvaldo Birke, Adriano Vaccari... tem muitos outros, como falei, todos que passaram na minha vida deixaram algo bom. Ter amigos é o mais importante na vida.

100C - O que é o fotojornalismo para você?
RS - Um jornalista quando vai para alguma pauta têm em seu poder, as palavras para transmitir a emoção do que aconteceu e, nós fotógrafos, temos que em uma imagem apenas transmitir a mesma emoção, seja em um incêndio onde famílias perderam casas, amigos, seja em algo bom como comemorações por algum motivo, tem que ter um olhar, não é só pegar uma câmera na mão e sair fotografando, tem que fazer com que a pessoa que pegue o jornal, olhe para a foto e entenda o que esta acontecendo ou aconteceu. Uma das minhas fotos preferidas, só pra dar de exemplo é a de Kevin Carter, um dos fotógrafos que cobriram o Apartheid, uma foto de uma criança sudanesa que já sem forças para buscar comidas sofre a espreita de um abutre, uma imagem chocante, mas que detalha bem o que estava acontecendo, esse é o verdadeiro fotojornalismo, não precisa de legenda.  

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o fotojornalismo?
RS - A minha maior alegria é estar no fotojornalismo e decepção é o comodismo que as redações sofrem hoje em dia, principalmente aqui na região, tem muito fotógrafo e jornalista, hoje em dia por ai que, não se importa em fazer o melhor, se contenta em só fazer o básico, e isso não é fotojornalismo, não criam, sempre a mesma coisa, mas isso é um reflexo do descaso dos jornais com essa profissão. Não aguento ver alguns parados no canto enquanto você se mata pra correr atrás do melhor ângulo, olhar, mas... continuo fazendo o meu, ganhando mal ou não. Gostar do que se faz é o que diz se você é pra essa profissão ou não.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
RS - Sim, que se transforme em um site, mas no mesmo formato de blog, para que possa ter bem mais conteúdo. E que comece a agregar profissionais de cidades próximas a região, conhecimento nunca é demais.

100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
RS - Negativo? Acho que nenhum, pois faltava um meio como esse, onde profissionais possam se comunicar entre si, fazer protestos, tem ate jornalistas que conseguem emprego por aqui. Esse é o ponto positivo. Só precisamos mais de conteúdo, futuro tem.

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
RS - Encontrar amigos que basicamente só vemos em pautas, conversar, relembrar histórias. Conseguir boas imagens é sempre bom também. Além das pautas que tem boca livre claro...  o que mais odeio é chá de cadeira dos políticos, além de puxa-sacos desses mesmos políticos, uma coisa que me irrita são esses mesmos discursos de sempre... queria ter um fone de ouvido na hora... hahaha

100C - O que você espera para o seu futuro profissional?
RS - Espero continuar no fotojornalismo até onde aguentar, mas sempre pensando em sair da mesmice, me reinventando, criando e isso só conseguirei fora da região, a capital é o meu próximo objetivo. 2012 que me aguarde.

100C - Você tem algum trabalho paralelo junto ao jornal? (ex.: blog, freela, entre outros)
RS - Não, somente hobbies, como disse adoro música, tinha uma banda que até era conhecida em Mogi, o “Propósito Nenhum” (belo nome haha), estou com projeto de outra, fora que gosto de design, então uma vez ou outra me aparece algum trabalho pra fazer, seja pra amigo ou pra conhecido, ai sim rola uma graninha...

Perguntas para quebrar o gelo:

100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você passou no fotojornalismo.
RS - São tantas. Uma delas você (Ronaldo Andrade) estava presente, em uma reunião do Condemat, em Arujá, que são realizadas bem cedo, sempre chego com muito sono, nesse dia quando chegamos, Ju e eu, fomos ao encontro de vocês que já estavam lá, fui cumprimentando um a um, quando cheguei em uma pessoa que trabalha ou trabalhava com você, fui cumprimentar com um beijo no rosto e ela recuou e me deu a mão, foi quando percebi que era homem, hahaha, foi hilário e vergonhoso ao mesmo tempo, todos rindo de mim. E na redação do Diário sempre tem momentos engraçados, com Edinho, Warley, Eisner, entre outros, momentos muito bons, esse é um dos motivos de continuar por lá, amigos que fiz e tenho pra sempre. Por falar em Eisner, esse tem muitas histórias engraçadas, mas que não posso citar.

100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade, loucura ou coisas do tipo. Explique:
RS - Sempre que for preciso citar alguém, a Ju vai estar no meio, ela é fora do normal, literalmente, tanto pela loucura como pela profissional que é, tem também o Warley como disse, mas esse já pela loucura ao extremo, dia desses estava em um incêndio no Rodeio, quando voltou pra redação me contou que havia subido em um piso que já estava pra cair, não era pra menos que acabou caindo, e, em cima dele um caibro que, por sorte, só pegou no flash dele, Thiago Campos por sempre lutar pelo que quer e ser um amigo e excelente jornalista, Mariana Nepomuceno por ser quem é, inteligente, amiga, sempre fazendo o melhor, fora que ela tem que aturar cada uma, ex-companheiros cito Evaldo Novelini, devorador de livros e uma pessoa de uma inteligência fora do comum, assim como Amanda Almeida minha querida “mãezona” sempre me dando conselhos até fora do jornal, e outros ex-companheiros como Karina Matias, Cleber Lazo, sem esquecer da Heloisa Rizzi que tinha um olhar apuradíssimo como fotojornalista, as vezes sinto falta das fotos dela, quando faço fechamento do jornal.

100C - O que é mais difícil, aturar aquelas pautas chatas e intermináveis ou a Juliana Nakagawa? Por quê?
RS - Com certeza pauta chata, por que na verdade quem me atura é a Ju, não tenho mais como predicar minha querida e melhor amiga Ju, se bem que às vezes, ela tem uns ataques, haha, mas nada como uma bela risada pra tudo voltar ao normal. E Juliana Nakagawa, que historia é essa de sair por ai me agenciando? Hahahah (Se não entendeu leia a entrevista de Juliana Nakagawa, clicando aqui)

Ping Pong

100C - Time
RS - São Paulo

100C - Desejo
RS - Que o fotojornalismo se torne mais forte na região

100C - Música
RS - Foofighters, na verdade gosto da boa musica

100C - Jornalismo
RS - Paixão

100C - 100 Comunicação
RS - Um ótimo blog, que tenho esperança que se torne um site com mais conteúdo.

100C - Passado
RS - Não mudo nada. Aprendi muito com tudo o que passou.

100C - Presente
RS - Aprendendo muito

100C - Futuro
RS - São Paulo, em alguma grande redação, objetivo atual.

100C - Se defina em uma única palavra
RS - Apaixonado e louco por tudo o que gosto e me faz bem.

100C - Deixe um recado para os alunos sonham ingressar no fotojornalismo.
RS - Sempre vou apoiar á quem me pergunta se vale à pena trabalhar com fotojornalismo, mas sempre com um adendo, só vale a pena se for apaixonado por essa profissão, se for pra entrar pensando em ganhar muito dinheiro, com certeza vai se decepcionar e se tornar como alguns que conheço. Portanto, se você for apaixonado por essa profissão, vá em frente, não ligue para o que outras pessoas digam, correr atrás dos seus sonhos é o que te torna um ser humano, o que te faz ser melhor e maior. A felicidade nem sempre esta no quanto você ganha, e, sim se faz com amor. Se bem que se conseguir juntar os dois é bem melhor... hahahahah

OBS.: A Seção Raio-X está sendo postada, excepcionalmente, nesta quarta-feira, devido ao falecimento do jornalista e blogueiro Ale Rocha, ocorrido nesta terça-feira, dia 06. A partir da próxima semana, a Seção volta a ser publicada às terças-feiras.

CONFIRAM  as demais entrevistas no arquivo da Seção Raio-X clicando aqui!

2 comentários:

  1. Ri, você é o meu orgulho e sabe disso! Desejo todo o sucesso do mundo a você, que faz jus ao sobrenome Santo... Beijo, Gininho!!! rs

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  2. Olha, mandou bem hein garoto!!

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