A 5ª entrevista do Espaço Foca
apresenta o estudante do 6º semestre do curso de Jornalismo da Universidade de
Mogi das Cruzes (UMC), LUIS Henrique de ARAÚJO Diogo, 23 anos. Nascido no
município de Jacareí e, desde 2004, morando em Mogi das Cruzes, Luis se define
como um cara muito feliz, boa pessoa, privilegiado por ter a família que tem e
por poder trabalhar com o que mais gosta na vida. Amante de esportes, ele costuma
andar na contra-mão das maiorias e encontra na música o melhor meio para se
conectar com as suas emoções. “Mas isso é o básico do básico. O resto, quem me
conhece de verdade pode contar melhor”, afirmou.
Confira a entrevista na
íntegra e viaje pela mente deste futuro Foca de personalidade forte e que se prepara para atuar nesta
área difícil, puxada, porém, amada e querida pela maioria.
100C - Por que o jornalismo?
LA - Acredito que essa paixão
já nasceu comigo e tem muito a ver com o fato de ser fanático por esportes
desde que me entendo por gente. Sempre gostei muito de escrever, também. Quando
estava no segundo ano do Ensino Médio, prestei vestibular como treineiro para
Jornalismo. Mas quando foi para valer, optei por Administração de Empresas.
Sinceramente, sei lá por que fiz isso. Achei que seria uma carreira mais
promissora. Só que na medida que o curso passava, ficava cada vez mais claro
para mim o quanto eu detestava tudo aquilo. Paralelamente a isso, comecei a
escrever alguns textos esportivos em blogs de amigos. Era só diversão, mas
muita gente parecia gostar e me encorajava a escrever mais. Lembro-me muito bem
de uma amiga da família que leu alguma coisa minha e me perguntou por que eu
não fazia Jornalismo. Respondi que já estava velho demais para mudar de área.
“Eu acho que você tem mais é que parar com isso e correr atrás desse seu
sonho”, ela retrucou. Caramba, isso teve um impacto muito grande em mim. Foi
quando resolvi largar tudo e começar de novo. Felizmente, está dando certo. É
claro que fui descobrindo no dia a dia que ser jornalista vai muito além de ter
um texto bacana, mas foi assim que acabei tendo a certeza de que a profissão é
fascinante como um todo.
100C - O que você espera do
jornalismo?
LA - Não espero nada, de
verdade. Prefiro prestar atenção no que eu posso fazer para desempenhar o meu
trabalho da melhor maneira possível. É claro que tem muita coisa errada no
jornalismo por aí hoje em dia. Coisas que muita gente, infelizmente, tem achado
normal. O excesso de gracinhas é um exemplo disso. Se até mesmo os humoristas
têm dificuldade em detectar o que é engraçado e o que é inconveniente, imagina,
então, os jornalistas? Mas sempre haverá espaço para jornalismo bem feito. Se
você trabalha com seriedade, terá reconhecimento adequado. É nisso que
acredito.
100C - Você está estagiando?
Se estiver, fale onde e o que faz e por onde já estagiou.
LA - Trabalhei por 11 meses
para o portal iG, na equipe responsável pela cobertura de basquete, sob a
chefia de Fábio Sormani – um dos grandes jornalistas esportivos do país e que
me ensinou muita coisa. Depois, ainda para o iG, integrei a equipe de cobertura
dos Jogos Pan-Americanos de 2011. Hoje, sigo prestando serviços para o portal.
Faço algumas pautas especiais sobre esportes olímpicos (tudo o que não é
futebol, basicamente) e cubro alguns plantões de finais de semana. Escrevo
também para o Basketeria, site voltado exclusivamente ao basquete.
100C - Durante esse tempo de
estágio como você avalia o jornalismo? É exatamente o que você esperava? (Caso
tenha estagiado)
LA - É muito mais do que eu
esperava, em todos os sentidos. Paulo Vinícius Coelho, outro ícone do
jornalismo esportivo brasileiro da atualidade, escreveu certa vez que
jornalismo é 10% inspiração e 90% transpiração. É uma definição perfeita. Você
pode até ter noção disso quando entra na faculdade, mas só se dá conta da
dimensão exata disso na prática, a partir do momento em que passa a ficar
trancado na redação nos finais de semana e no feriado e ainda tem a sensação de
prazer.
100C - Se possível, destaque
três colegas de universidade que você admira e que acredita que terão futuro no
jornalismo?
LA - Não gosto de apostar
minhas fichas em ninguém. Prefiro citar dois colegas com quem aprendi muito,
que já estão se destacando e que me ajudaram muito em aspectos profissionais:
Rodrigo Barone e Cláudia Soares. Os dois são ótimos, tenho muita gratidão e uma
admiração verdadeira por eles. Tenho mais um ou dois nomes em mente, mas
prefiro não citar para evitar o famoso clima de “mimimi”.
100C - Como você avalia o seu curso?
A universidade está bem estruturada e oferece uma qualidade de ensino adequada?
Por quê?
LA - A ideia dos trabalhos
interdisciplinares que o Jornalismo da UMC propõe a cada ano de curso é, na
teoria, muito boa, apesar de os computadores serem mais lentos do que uma
disputa de 100m rasos entre uma tartaruga e uma lesma. Não é lá a coisa mais
bonita de se falar, mas acabei descendo um pouco a faculdade na minha lista de
prioridades depois que comecei a trabalhar. Pelo menos, em conversas com alguns
colegas, sei que não sou o único a fazer isso. Minha disposição para a
faculdade ficou ainda menor no decorrer dos últimos meses, quando precisei
faltar com maior frequência por conta de desafios profissionais. Melhor não
entrar em detalhes, até porque muitos professores entenderam a minha situação.
Gostaria, no entanto, que houvesse maior compreensão da chefia da Universidade
nesse sentido. Digamos que um estudante de hoje ganhe, sei lá, um Prêmio Esso
daqui a cinco anos. A instituição vai querer espalhar para os quatro cantos do
mundo que foi a casa daquele aluno. Mas para isso, o suporte durante a fase de
desenvolvimento terá de ser feito da maneira correta.
100C - O que você acha da
decisão da Justiça, via Gilmar Mendes, sobre a queda da obrigatoriedade do
diploma de Jornalismo para exercer a profissão?
LA - Não concordo, mas por
questões muito diferentes do que tenho visto por aí. O diploma não atesta
qualidade. Conheci gente não-formada na área, mas que se mostra infinitamente
muito mais séria e responsável do que muitos outros diplomados que chamam
entrevistados de “parceiros”. A faculdade de Jornalismo é igual auto-escola.
Dirigir mesmo, aprende-se mais fora dela do que dentro. Mas a habilitação no
fim é importante para que possamos nos responsabilizar pelos nossos atos quando
conduzimos um veículo.
100C - Você tem alguma
sugestão para o 100 Comunicação?
LA - Nada em mente para o
momento.
100C - Pelas conversas que
vocês alunos têm em sala de aula, na sua opinião, qual é a maior dificuldade e
o que mais é agradável dentro do jornalismo para os futuros jornalistas que
ainda estão em formação?
LA - A maior dificuldade é
sempre a primeira oportunidade profissional. Sempre foi e, talvez, sempre será
o principal motivo de preocupação para os estudantes no início do curso. Isso
porque o processo nem sempre é justo. É mais ou menos como se tornar campeão de
Fórmula 1: tem que estar no lugar certo e na hora certa. O que é mais
agradável? Talvez a troca de experiências profissionais e as diferentes
opiniões sobre o que acontece no mundo. Infelizmente, esse debate anda em falta
na sala de aula...
Perguntas para quebrar o gelo:
100C - O que é pior, se formar
em um curso onde o diploma está sem moral nenhuma ou sobreviver com o salário
de estagiário?
LA - O salário poderia ser
mais generoso mesmo, é claro. Mas o pior, sinceramente, é o fato de as
universidades continuarem formando estudantes sem noção do que é Jornalismo.
Essa falta de moral do curso está muito mais relacionada ao papelão, à
intimidade forçada e ao puxa-saquismo de muita gente diplomada por aí do que
qualquer outra coisa. É uma discussão muito mais ampla do que isso.
100C - Em se tratando de
jornalismo, onde você aprende mais, na Universidade ou na prática? Por quê?
LA - Na prática. E isso vale
para tudo, não só no Jornalismo. O desenvolvimento profissional só acontece
quando sentimos o frio na barriga por ter que escrever algo que vai ser lido
por muita gente, ou quando nos vemos obrigados a estudar um determinado assunto
de forma mais atenciosa para termos condição de fornecer um texto que não fará
o leitor ter vontade de te chamar de idiota. Tudo só funciona quando é pra
valer, principalmente se contar com o apoio no dia a dia de profissionais
competentes. Laboratório nenhum no mundo chega aos pés do aprendizado que a
prática proporciona.
100C - Como você avalia esse
espaço que foi criado pelo 100C voltado para os alunos de Jornalismo?
LA - Interessante, pois nos
permite saber o que passa na cabeça dos futuros jornalistas.
Ping Pong
100C - Time
LA - Corinthians, Juventus e Chicago Bulls. Todos
com o mesmo altíssimo grau de envolvimento.
100C - Sonho
LA - Ah, são vários, e costumo
novos sonhos na medida em que realizo os que almejei previamente. No campo
profissional, quero cobrir grandes eventos para grandes veículos de imprensa,
ser reconhecido como um grande profissional na minha área e poder chegar daqui
a duas décadas em condição de ajudar um jovem jornalista a crescer. Além disso,
desejo assistir a uma partida do Chicago Bulls no United Center, conhecer a
Itália, me casar com uma mulher por quem tenha o mais sincero sentimento de
admiração ao som de “Dancing in the Dark” (do Bruce Springsteen), ter filhos,
fazê-los virarem grandes homens, ter sempre a minha família por perto. Tudo, é
claro, se resume à minha maior, mais simples e mais importante vontade: a de
ser feliz. Isso
100C - Jornalismo
LA - Minha maior aptidão.
Talvez seja a única.
100C - 100 Comunicação
LA - Espaço interessante para
quem é apaixonado pelo Jornalismo.
100C - Passado
LA - Mais erros, menos
responsabilidades. Aprendizado. Tempo em que as coisas eram mais fáceis.
100C - Presente
LA - Mais responsabilidades,
menos espaço para erros. Aprendizado que nunca para. Medos, dúvidas, reflexões,
sonhos e amadurecimento.
100C - Futuro
LA - Uma versão melhorada do
que sou e com a mesma felicidade que tenho hoje. Assim espero.
100C - Livro
LA - “Scar Tissue”, biografia
do Anthony Kiedis, vocalista da banda Red Hot Chili Peppers. Evidentemente,
está longe se der uma obra mais intelectual do mundo. Mas é tudo contado de
forma clara e direta, com o coração aberto e sem hipocrisia. É disso que a
gente precisa. Gosto de citar também os livros de Jornalismo Esportivo de Paulo
Vinícius Coelho e Celso Unzelte, que ajudaram a mudar a minha vida.
100C - Música
LA - Rock and roll. Inspiração, arte e a
mais perfeita conexão que se pode ter com as emoções.
100C - Deixe um recado para os
seus amigos focas que estão sonhando em ingressar nesta no jornalismo.
LA - Você sente um pouco de
interesse pelo Jornalismo? Então, desista. É necessário ser completamente
tarado pela área para seguir nela. Mas se você quer encarar o desafio porque
sua paixão é mais forte, vá em frente. É difícil e bastante desafiador, mas
vale a pena.
CONFIRAM as demais entrevistas no arquivo do Espaço Foca clicando aqui!!!
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