Com 37 anos de idade, sendo que, 14 deles dedicado ao jornalismo, o repórter ALEXANDRE da silva BARREIRA (Diário de Mogi) concedeu nesta semana uma entrevista para a Seção Raio-X e falou sobre a sua vida dentro da comunicação, suas opções, realizações e frustrações. Natural de São Paulo e morador da cidade de Mogi das Cruzes, Alexandre é formado pela UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) e se considera uma pessoa caseira, muito família e meio desorganizado quando o assunto envolve finanças. Aproveitem essa bela entrevista para conhecer mais deste grande profissional.
100C - Quem é Alexandre Barreira?
AB - Sou amigo de todos, desde que não tenha um no meio de todos que me prejudique. Aberto ao diálogo sempre. Ouço mais do que falo, pois aprendi muito agindo desta maneira. Humilde e procuro sempre estar aprendendo. Jamais me achei o dono da verdade. Procuro ser conciliador, mas tenho os meus momentos explosivos (que já me atrapalharam muito). Não sei “puxar o saco” para conquistar as coisas. Este não é o meu perfil. Sou profissional e tento transmitir isso, por meio do trabalho, no meu dia a dia e para algumas pessoas que trabalhei e, na maioria das vezes, obtive o respeito que esperava.
100C - Por que o jornalismo?
AB - Sou um cara que ama o que faz, ou seja, gosto de ser jornalista. Não estou no Jornalismo a passeio. Gosto da minha profissão. Pode parecer estranho, mas escolhi ser jornalista com 8 ou 9 anos de idade. Gostava de ler e escrever. Lia muito e de tudo. Como ficava horas na espera de uma consulta médica, por ter nascido com problema cardíaco congênito, eu lia jornais, revistas, livros. Tudo. Além disso, jogava futebol de botão (a minha paixão de infância, de agora e sempre) com o meu irmão Rodrigo. Então, costumava “produzir” um jornalzinho com os resultados da rodada naquele dia. Achava isso o máximo. Procurava copiar os jornais que aprendi a ler na época com mais intensidade, como Gazeta Esportiva e Diário Popular, que nem existem mais. Ouvia rádio e transmissões esportivas e imitava os locutores. Ficava a tarde toda ouvindo as transmissões. Cheguei até a trabalhar, depois, como narrador esportivo graças ao convite do jornalista Marcos Schiripa.
100C - Depois que você entrou para essa área, onde você já trabalhou e em que cargo? Onde você trabalha atualmente e há quanto tempo? Qual função exerce?
AB - Antes mesmo de me formar, larguei um bom emprego em uma multinacional em São Paulo para ir atrás do meu sonho – algo que não recomendo nos dias de hoje (rsrssr). Fui trabalhar de estagiário na Rádio Metropolitana, narrando eventos esportivos, como luta de boxe [putz, narrei o título mundial do mogiano Alexandre Firmino, o Sansão], futebol de salão [time do Eletem] e futebol de campo, dentre outros. Depois, fui cobrir férias da minha amiga Márcia Dias no jornal Mogi News, em 1999. Jamais tinha trabalhado em jornal impresso, mas tinha a “experiência” de infância de sempre escrever e criar histórias. Mas era diferente, então fui para o Mogi News e o pessoal gostou do meu trabalho, principalmente a editora da época, a Mel Tominaga, uma competente jornalista, me contratando para ficar em definitivo. Trabalhei como repórter de Cidades, Política, Polícia e Esportes. Depois fui sub-editor de Nacional e editor de Esportes e Automóveis. Em 2006 fui trabalhar no Lance, em São Paulo, mas as condições de trabalho não eram boas. Tive uma breve passagem na Rádio Iguatemi e fui para o jornal O Diário de Mogi. Fiquei 11 meses e fui convidado para coordenar a implantação do jornal Diário do Alto Tietê, do Grupo Mogi News, em Suzano, com a jornalista Miliane Moraes. Pouco menos de um ano, voltei para a redação do Mogi News, onde fiquei até março de 2011. Em abril voltei ao O Diário de Mogi onde estou até hoje, ou seja, há dez meses, trabalhando de repórter na editoria de Cidades.
100C - Depois desse tempo atuando na área, como você vê o jornalismo? É exatamente aquilo que você imaginava? Por quê?
AB - Vejo com certa decepção. Há muitas limitações no jornalismo de hoje, especialmente em alguns órgãos de imprensa do Alto Tietê, que usam de expedientes “comerciais” baixos e não jornalismo de verdade para conseguir o que querem. Infelizmente! A tão sonhada liberdade que tanto pregamos é muito pouca nos dias de hoje, mas temos de trabalhar pensando que um dia vai melhorar e até fazer parte de situações que nos levem a esta melhora. Acho que o material humano deveria ser mais valorizado. Não digo apenas na questão salarial – que seria primordial –, mas na questão de importância. Não se pode tratar o jornalista como um fantoche, e ele ser, dentro da empresa, menos importante que o cara que dirige a Kombi que vai entregar o jornal. Sei lá, respeito todas as profissões, mas cada um na sua. Ainda é um sonho, mas gostaria que a nossa classe fosse mais valorizada – humanamente falando.
100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
AB - Não sei se seria a pior, mas a que mais me marcou de forma negativa foi um acidente de trânsito no antigo trevo de acesso de Taiaçupeba, na Rodovia Mogi-Bertioga. Ainda estava começando na carreira de jornalismo impresso, lá pelos idos de 1999, e me deparei com cenas tristes, com pais e mães chorando a morte de filhos na beira da estrada, vítimas deste terrível acidente. Fiquei muito chocado e até hoje me vem esta cena à mente. A melhor é sempre a próxima. Procuro fazer o melhor sempre que vou para a rua. Às vezes não sai do jeito que agente gosta, a pauta não encaixa, mas tento fazer o melhor.
100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
AB - Só três é um pouco complicado. Vou citar um que me ajudou muito no início da carreira e sempre me chamava de “santista”. O Paulo Martins, então meu editor no Mogi News e hoje edita uma revista técnica em São Paulo. Um cara que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos em que trabalhamos juntos. Tenho admiração pelo Darwin Valente, que é um extraordinário jornalista. Sempre com a visão além, muito além, da minha (rsrsr). Um cara muito bom que ainda vai me ensinar muito, tenho certeza disso. Destaco também a repórter Jamile Santana, do Grupo Mogi News. Pelo esforço, vontade de aprender e talento lapidado dentro da redação. Ela foi secretária de redação, estagiária, atendente e etc. E hoje faz coberturas importantes. Excelente profissional e que sempre gostei muito. Gostaria de fazer uma menção honrosa a minha esposa, Maria Salas, que também é jornalista e que convive comigo há 9 anos. Sempre foi uma profissional exemplar por todas as editorias que passou. E sempre quietinha e competente.
100C - O que é o jornalismo para você?
AB - É o melhor lugar para que todos, de todas as classes sociais, ganhem voz, espaço, falem e sejam ouvidos e etc. De todas as áreas, segmentos. É contar o fato, explicando-o e analisando-o de forma imparcial e justa, sempre em busca da verdade.
100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
AB - Talvez nem seja muito de alegria, mas de ver o seu trabalho reconhecido e você conquistar a confiança das pessoas. Havia cinco meses que estava de volta ao jornal O Diário de Mogi e fui chamado à sala do Spartaco Da San Biagio, diretor de redação. Ele me confiou uma viagem à Alemanha para representar o jornal no Salão do Automóvel, um dos eventos automotivos mais importantes do mundo. Sem dúvida, foi a melhor experiência que tive como jornalista. A decepção fica por conta da falta de reconhecimento profissional de uma empresa na qual trabalhei, que valorizava e ainda tem este método, mais o “puxasaquismo” e a subserviência de alguns jornalistas que lá estão em vez do lado profissional das pessoas.
100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
AB - O 100 Comunicação está de parabéns pela iniciativa. Dar voz aos jornalistas e profissionais de Imprensa que atuam em nossa Região para que eles compartilhem um pouco da experiência e lição de vida que cada um tem. O 100 Comunicação poderia encampar a ideia para formar uma associação de jornalistas e profissionais de mídia do Alto Tietê.
100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
AB - Positivo – integração entre os profissionais da Imprensa do Alto Tietê. Negativo – faltam mais detalhes de pautas, bastidores, furos, micos etc... Falta também uma seção de charges. Chame o Elizeu Lima (O Diário de Mogi) e Denny Aires (Sete) para fazer desenhos dos pobres repórteres e cia. em situações engraçadas, curiosas. Uma sugestão!
100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
AB - Gosto mais das pautas pontuais. Fazer a pauta em um dia para ser publicada no dia seguinte. Gosto deste tipo de pauta. Que Eliane José não me escute (ou leia), mas não curto muito pautas de repercute, ainda mais se tiver que repercutir matérias de outros colegas ou de um assunto que até você (repórter) está por fora.
100C - O que você espera para o seu futuro profissional?
AB - Espero crescer profissionalmente. Tem um desafio grande pela frente (segredo) e vou encarar como um grande aprendizado. Aliás, não posso entrar em detalhes, mas desde já agradeço a confiança que está sendo depositada!
100C - Você tem algum trabalho paralelo junto ao seu atual emprego? (ex.: blog, freela, entre outros)
AB - Tinha muitos freelas, mas graças a um empresário mau caráter de Mogi das Cruzes, parei de fazer este tipo de trabalho. E, veio a calhar, já que tenho agora mais uma menina para dar atenção e posso passar mais tempo com a minha família: as minhas duas filhas lindas (Júlia Sofia, 5 anos, e Maria Eduarda, 6 meses) e a minha esposa, Maria Salas.
Perguntas para quebrar o gelo:
100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você passou no jornalismo.
AB - Putz. Vou tentar lembrar. Em uma delas, um jogo da ADC Valtra em Guarulhos, antes de começar o jogo eu fiz “amizade” com alguns dirigentes do time local para até quebrar um pouco o gelo e tirar o clima de guerra que já cercava a partida na periferia daquela cidade. No meio do jogo, no entanto, saiu um quebra pau e um jogador da ADC Valtra foi expulso. Todos no campo queriam bater nele. Eu cheguei no meio da confusão e tirei o cara. Lembra daquela “amizade”. Foi incrível, ninguém chegou perto do cara porque eu estava com ele. O levei para o vestiário são e salvo. Outra situação curiosa foi no caso da morte das irmãs Yoshifusa, lamentavelmente. A página de Polícia do jornal O Diário de Mogi já estava fechada naquele dia e eu terminava o expediente teclando no Facebook com alguns amigos, quando pergunto para uma amiga policia se havia alguma novidade. Ela disse que tinha ocorrido um crime na Vila Oliveira com duas vítimas esfaqueadas. Ao checar a informação, era a respeito do brutal crime contra as irmãs. Se não fosse pela ajuda da rede social eu teria levado o maior furo da história e talvez nem estaria mais no jornal!!!
100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade, loucura ou coisas do tipo. Explique:
AB - Atuais: Darwin Valente, que todo dia nos ensina um pouco de seu vasto conhecimento jornalístico; Eliane José, que, com muita simplicidade, monta todo dia um jornal novo e interessante para o leitor; e Warley Leite, fotógrafo de extrema competência, que sempre que saímos em pauta, ele acolhe as sugestões que nós passamos com humildade, mesmo com todo o conhecimento que tem.
Ex-companheiros: Já falei do Paulo Martins, um excelente profissional, que, sempre com o seu jeito calmo e tranquilo, ensinava os caminhos para que executasse o melhor trabalho, ainda no meu início de carreira no Mogi News. Tem também o experiente Luciano Ornellas, que passou pelo Mogi News deixando muitas lições, e o Márcio Siqueira, sempre um conciliador e que hoje está afastado, mas que executava muito bem o seu trabalho e espero que volte o mais rápido possível à ativa.
100C - Uma das suas paixões é o futebol de botão, isso porque você sempre foi ruim de bola ou acabou sendo uma extensão da paixão pelo futebol? Explique:
AB - Sempre foi a minha paixão. Jogo futebol de botão desde os 8 anos com o meu irmão Rodrigo, que é apenas um ano mais velho que eu. Até hoje marcamos de nos vermos e jogarmos. Agora, esta paixão está se tornando mais séria porque sou presidente do Clube do Botão Gaspar Vaz, em Mogi, e temos mais de 50 adeptos. Isto é muito legal, porque o clube nasceu de brincadeiras de fim de semana e está ficando cada vez mais sério. No futebol de verdade, eu até que era um cara bom de bola, no entanto, por problemas congênitos no coração, não tinha muita resistência física para praticar o esporte. Fiquei mesmo foi em volta da mesa, pelo menos cansa menos (risos).
Ping Pong
100C - Time (s)
AB - Corinthians, Bahia e União Mogi (sempre)
100C - Desejo
AB - Escrever um livro
100C - Música
AB - Pop rock nacional
100C - Jornalismo
AB - Forma de expressão
100C - 100 Comunicação
AB - Muito bom!
100C - Passado
AB - Lição
100C - Presente
AB - Vivo intensamente
100C - Futuro
AB - A Deus pertence
100C - Se defina em uma única palavra
AB - Apaixonado
100C - Deixe um recado para os alunos que sonham ingressar no jornalismo.
AB - Leiam muito. De tudo um pouco, sempre. Tenham em mente que os jornalistas são os escritores diários de hoje. Além disso, não sonhem que vão ganhar fortunas. É uma profissão extremamente estressante, que pode causar úlcera, mas é apaixonante ao extremo. Aproveitem cada minuto na faculdade, cada minuto no estágio e cada minuto na prática do dia a dia. Estejam sempre abertos a aprender e ouvir conselhos de todo mundo. Separe os bons (conselhos) e terá uma ótima carreira.
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