terça-feira, 13 de março de 2012

Seção Raio-X nº 23 - Jamile Santana


Jovem e com um futuro muito mais do que promissor, assim podemos definir JAMILE SANTANA, 23 anos, formada em Jornalismo pela UBC (Universidade de Braz Cubas, ée que atua na área pelo Grupo Mogi News. Confiram a entrevista desta mogiana que se identificou muito com uma carta que recebeu das mãos do seu editor-chefe, Márcio Siqueira, no dia da sua formatura que dizia que “ela é uma jornalista disposta a traduzir em metáforas o sentimento do mundo”.

100C - Por que o jornalismo?
JS - Desde criança, nunca disse que seria outra coisa. Eu não sei exatamente em que momento me veio esta ideia. Deve ser porque minha mãe, Maria Lourdes Silva,  tenha me ensinado e incentivado a ler e escrever desde muito cedo.

100C - Depois que você entrou para essa área, aonde você já trabalhou e em que cargo? Aonde você trabalha atualmente e há quanto tempo? Qual função exerce?
JS - Minha história no jornalismo começou nas redações do Mogi News e Diário do Alto Tietê, meio que de uma forma muito natural. Entrei no jornal aos 17 anos, no atendimento ao cliente. Três meses depois, a então chefe de reportagem do Mogi News, Viviane Almeida, que sabia da minha vontade em fazer jornalismo, me convidou para ser sua assistente. Fui pra redação e atendia telefone, anotava recados, sugestões de pautas, e-mails dos leitores, fazia contato com os articulistas, entre outras tarefas. Um dia escrevi um artigo e mostrei para o Márcio Siqueira. Ele gostou tanto, que foi conversar com o Sidney Antonio de Moraes, presidente do grupo, para pagar a faculdade pra mim. Aquilo foi um grande presente, uma grande ajuda, que eu nunca vou me esquecer. Se não fosse por isso, talvez eu nem estivesse formada. Fiquei no cargo de assistente da chefia de reportagem por uns dois anos, até começar a ir pra rua. Aprendi muito nessa época e continuo aprendendo até hoje. Fiz a coluna Megafone no Mogi News, depois a página de Serviços no MN e no DAT, depois Cidades, às vezes Polícia, às vezes Política, colunas, Entrevistas de Domingo, matérias estatísticas e o que mais aparecer! (risos). Hoje sou repórter do Mogi News, mas escrevo matérias para o DAT, jornal que me ensinou muito a apurar melhor e também estou na TV Mogi News. Lá já fui repórter de rua, produtora e agora estou me arriscando como apresentadora do Boletim News, um noticiário rápido de hora em hora, transmitido ao vivo, pelo da TV Mogi News (canal 15 da NET).

100C - Depois desse tempo atuando na área, como você vê o jornalismo? É exatamente aquilo que você imaginava? Por quê?
JS - Acho que não é o que eu imaginava. Hoje existe uma influência comercial que interfere de certa forma na produção jornalística e eu acho que todos os jornais, principalmente os regionais, passam por isso. E eles precisam disso pra sobreviver por vário motivos. Pela concorrência, pelo surgimento de novas ferramentas que levam a informação de forma muito mais atrativa e rápida ao receptor, enfim, o próprio jornal é um produto, que precisa ser explorado comercialmente, se quiser se impor no mercado. É assim que eu vejo o jornalismo hoje: uma ferramenta que tem por missão informar e ficar a serviço do povo, mas que também é um produto.

100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
JS - A pior pauta foi a cobertura do assassinato das irmãs Renata e Roberta Yoshifusa. No dia 11 de novembro de 2011, eu estava com o Jorge Moraes cobrindo a abertura dos Jogos Regionais, na Avenida Cívica. A editora Marta Vicentin me ligou, falando pra eu ir à Vila Oliveira porque duas pessoas tinham sido mortas por assaltantes.  Eu fui a primeira repórter a chegar ao local, e o SAMU estava saindo da casa com o assassino, até então tratado como vítima. Com o passar do tempo, a história foi tomando forma e o clima de tensão e morbidez era muito grande.
Ver um pouco da cena do crime, do pai das meninas chorando, a forma como os peritos e investigadores iam descobrindo o que aconteceu e ver depois como o pintor foi cruel, mexeu muito comigo. Foi uma cobertura desgastante, que exigiu atenção, bom senso, coleguismo. Foi ruim pela situação, mas foi uma pauta em que eu amadureci muito.
A melhor pauta que cobri foi uma que, na verdade, eu nem estava escalada pra cobrir. Foi no dia 20 de maio, durante o júri popular de um skinhead. Fui lá no Fórum de noite porque fui levar um lanchinho e pegar  a mochila do fotógrafo Jorge Moraes, como toda boa namorada (risos). Só que, quando cheguei, acabei ajudando os fotógrafos a monitorar uma das entradas do fórum, para fotografar o réu. Ele saiu pelos fundos, enquanto o advogado das vítimas dava entrevista a toda imprensa pela porta da frente. Eu era a única repórter no meio de um monte de fotógrafos e cinegrafistas. Eu não ia falar nada, mas quando percebi que não tinha nenhum repórter ali, perguntei o que ele achava da sentença (ele foi condenado a 24 anos de prisão em regime fechado). Ele respondeu “talvez o justo” e esta única frase, acabou sendo a manchete do jornal, junto a outras informações sobre o julgamento que foi coberto pela Deize Batinga e William Almeida.

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
JS - Só três é sacanagem! Eu admiro muito o Douglas Pires. Eu o ouvia na Rádio Metropolitana, mas nunca tinha imaginado que iria trabalhar com ele. Desde minha época de secretária de redação, ele sempre me ensinou muita coisa e me dava algumas missões (risos). Ele me deu o primeiro bloquinho quando fui para a reportagem e hoje tenho a honra de trabalhar e aprender com ele de novo na TV Mogi News. Admiro a Cristina Gomes, uma chefe de reportagem que parece mãe. Ela me dá muitas orientações, tem muita experiência, é organizada e conversa bastante sobre as pautas. Admiro o Delcimar Ferreira. Ele é o repórter mais completo que eu já vi. Apuração impecável, texto impecável e é muito paciente.

100C - O que é o jornalismo para você?
JS - Jornalismo é a minha vida. Passo tanto tempo na redação que onde eu moro é minha segunda casa.

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
JS - A maior alegria foi ser finalista do 5º Prêmio Santander Jovem Jornalista e ter minha matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo. Foi um reconhecimento daquilo que aprendi nas redações do MN e do DAT. Foi um sinal de que devo continuar aprendendo, sempre e que escolhi a profissão certa. A maior decepção é não poder escrever tudo o que gostaria.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
JS - O blog podia ter uma sessão de fotos que não foram usadas no jornal. Os fotógrafos fazem fotos lindas, que nem sempre se encaixam nas edições.

100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
JS - O 100C é muito interativo. Sempre tem novidade, não fica desatualizado. Isso é muito legal. Eu só acho que as entrevistas podiam ter as perguntas um pouco mais personalizadas. Cada um tem uma história diferente, e exige uma abordagem diferente. =)

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
JS - Eu gosto quando a pauta é externa. Apesar de enfrentar calor, frio,chuva, demora, é muito divertido trocar ideia com a equipe na rua, e encontrar os colegas de profissão. Não chego a odiar nenhuma pauta, mas sempre tem dia que nada dá certo. Daí volto pra redação meio chateada.

100C - O que você espera para o seu futuro profissional?
JS - Espero ter saúde para aguentar essa rotina e, sobretudo, sorte.

100C - Você tem algum trabalho paralelo ao jornalismo? (ex.: blog, freela, entre outros)
JS - As vezes faço uns freelas. Estou com um projeto para criação de um blog com o amigo Rafael Tartatori, que não é da área, ele é gestor público, mas escreve muito bem. Mais pra frente terei mais detalhes dessa parceria.

Perguntas para quebrar o gelo:

100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você passou no jornalismo.
JS - Olha o drama: uma vez fui fazer uma matéria sobre transplante de córnea e perguntei para o entrevistado como estava o estoque. Ele, coitado, ficou todo sem graça e depois de uns segundos em silêncio, me explicou educadamente que não existia estoque. Eu fiquei morrendo de vergonha. (risos). Uma vez também, eu estava na redação e alguém da Polícia Ambiental ligou avisando que tinham encontrado uma jaguatirica na Mogi-Dutra. Daí, me mandaram ir cobrir. Eu virei pro Douglas Pires e perguntei: “Douglas, jaguatirica é cobra?”. Nossa, sou zuada até hoje por isso.

100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade, loucura ou coisas do tipo. Explique:
JS - Deize Batinga é fora do normal porque, além de ser meiga e superfeminina, domina quando o assunto é polícia, tem ótimas fontes e é respeitada, o que é mais importante. Ela tem que escrever um livro sobre os casos engraçados, curiosos e absurdos que chega contando na redação.
Tenho um grande carinho pela Maria Isabel Bazani, ex-repórter e editora do Mogi News. Ela tem uma olhar e um modo literário de escrever que eu acho muito especial, é um dom. Ela me ensinou muita coisa. Atualmente ela se encontrou na área do Direito e eu torço muito pelo seu sucesso. Mas nunca vai deixar de ser uma excelente jornalista.
Não tem como não falar do Bras Santos. Ele entrevista secretário de Estado sem bloquinho e pergunta o que tiver que perguntar. É muito engraçado ver como as autoridades têm medo dele. Esse respeito que ele conquistou é inspirador.
 Admiro Tiago Pantaleon, Marta Vincentin, Márcio Siqueira, Deize Rennó, Ludmila Santos, Viviane Almeida, Eduardo Cardoso, Alexandre Barreira, Márcio Siqueira e a Simone Leone, quem respeito e com quem tenho aprendido muito.

100C - O que é pior, aguentar as pautas demoradas e cansativas ou o Jorge Moraes? Explique:
JS - Se eu estiver com o Jorge Moraes na rua, aguento as pautas demoradas sem problemas. Ele é meu parceiro, crescemos e estamos crescendo juntos.  Meu melhor amigo, meu porto seguro. E ele me mata de rir nas pautas...

Ping Pong

100C - Time
JS - São Paulo

100C - Desejo
JS - Ser útil, sempre.

100C - Música
JS - Sem trilha sonora, a vida não tem graça!

100C - Jornalismo
JS - Missão

100C - 100 Comunicação
JS - Inovação. Gosto da proposta do blog.

100C - Passado
JS - O que me mantém com os pés no chão

100C - Presente
JS - Hora de construir, arregaçar as mangas e batalhar

100C - Futuro
JS - Não espero nada

100C - Se defina em uma única palavra
JS - Motivada

100C - Deixe um recado para os alunos que sonham ingressar no jornalismo
JS - Não dá pra ser jornalista se não tiver amor pelo que se faz.

CONFIRA as demais entrevistas da Seção Raio-X clicando aqui!

4 comentários:

  1. Adorei a entrevista! A Jamile é uma pessoa que cativa só de olhar. Daquelas que a gente gosta sempre precisar de muito. Meu contato com ela é pequeno, mínimo... só em algumas pautas. Mas é incrível como dá pra sentir o quanto ela é guerreira e especial. Beijos, Jamile!

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  2. Jamile arrasa em tudo que faz! Tenho orgulho de tê-la conhecido um dia =D Sem dúvida nenhuma, nasceu pra isso =D Muito sucesso Mile =D

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  3. Jamile, você é uma querida. Obrigada pela citação. E que você nunca perca esse brilho nos olhos cada vez que entra pela Redação ao chegar de uma pauta. Essa sua inquietude é a alma das pautas e faz você não se contentar com a informação pela metade. Te admiro muito também... beijo

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  4. Jamile,
    Você sabe como sou suspeita em falar de você. A considero mesmo de verdade, a minha filhinha, certamente a preferida. Dá gosto de passar pauta para você, comentar os assuntos e ver os seus olhinhos brilhando por uma boa matéria. Realmente, o que corre nas suas veias, é jornalismo puro. Amo trabalhar c você...

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