Jovem e com um futuro muito mais do que promissor, assim
podemos definir JAMILE SANTANA, 23 anos, formada em Jornalismo
pela UBC (Universidade de Braz Cubas, ée que atua na
área pelo Grupo Mogi News. Confiram a entrevista desta mogiana que se
identificou muito com uma carta que recebeu das mãos do seu editor-chefe,
Márcio Siqueira, no dia da sua formatura que dizia que “ela é uma jornalista
disposta a traduzir em metáforas o sentimento do mundo”.
100C - Por que o jornalismo?
JS - Desde criança, nunca disse que seria outra coisa. Eu
não sei exatamente em que momento me veio esta ideia. Deve ser porque minha
mãe, Maria Lourdes Silva, tenha me
ensinado e incentivado a ler e escrever desde muito cedo.
100C - Depois que você entrou para essa área, aonde você
já trabalhou e em que cargo? Aonde você trabalha atualmente e há quanto tempo?
Qual função exerce?
JS - Minha história no jornalismo começou nas redações do
Mogi News e Diário do Alto Tietê, meio que de uma forma muito natural. Entrei
no jornal aos 17 anos, no atendimento ao cliente. Três meses depois, a então
chefe de reportagem do Mogi News, Viviane Almeida, que sabia da minha vontade
em fazer jornalismo, me convidou para ser sua assistente. Fui pra redação e
atendia telefone, anotava recados, sugestões de pautas, e-mails dos leitores,
fazia contato com os articulistas, entre outras tarefas. Um dia escrevi um
artigo e mostrei para o Márcio Siqueira. Ele gostou tanto, que foi conversar
com o Sidney Antonio de Moraes, presidente do grupo, para pagar a faculdade pra
mim. Aquilo foi um grande presente, uma grande ajuda, que eu nunca vou me
esquecer. Se não fosse por isso, talvez eu nem estivesse formada. Fiquei no
cargo de assistente da chefia de reportagem por uns dois anos, até começar a ir
pra rua. Aprendi muito nessa época e continuo aprendendo até hoje. Fiz a coluna
Megafone no Mogi News, depois a página de Serviços no MN e no DAT, depois
Cidades, às vezes Polícia, às vezes Política, colunas, Entrevistas de Domingo,
matérias estatísticas e o que mais aparecer! (risos). Hoje sou repórter do Mogi
News, mas escrevo matérias para o DAT, jornal que me ensinou muito a apurar
melhor e também estou na TV Mogi News. Lá já fui repórter de rua, produtora e
agora estou me arriscando como apresentadora do Boletim News, um noticiário
rápido de hora em hora, transmitido ao vivo, pelo da TV Mogi News (canal 15 da
NET).
100C - Depois desse tempo atuando na área, como você vê o
jornalismo? É exatamente aquilo que você imaginava? Por quê?
JS - Acho que não é o que eu imaginava. Hoje existe uma
influência comercial que interfere de certa forma na produção jornalística e eu
acho que todos os jornais, principalmente os regionais, passam por isso. E eles
precisam disso pra sobreviver por vário motivos. Pela concorrência, pelo
surgimento de novas ferramentas que levam a informação de forma muito mais
atrativa e rápida ao receptor, enfim, o próprio jornal é um produto, que
precisa ser explorado comercialmente, se quiser se impor no mercado. É assim
que eu vejo o jornalismo hoje: uma ferramenta que tem por missão informar e
ficar a serviço do povo, mas que também é um produto.
100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
JS - A pior pauta foi a cobertura do assassinato das
irmãs Renata e Roberta Yoshifusa. No dia 11 de novembro de 2011, eu estava com
o Jorge Moraes cobrindo a abertura dos Jogos Regionais, na Avenida Cívica. A
editora Marta Vicentin me ligou, falando pra eu ir à Vila Oliveira porque duas
pessoas tinham sido mortas por assaltantes.
Eu fui a primeira repórter a chegar ao local, e o SAMU estava saindo da
casa com o assassino, até então tratado como vítima. Com o passar do tempo, a
história foi tomando forma e o clima de tensão e morbidez era muito grande.
Ver um pouco da cena do crime, do pai das meninas
chorando, a forma como os peritos e investigadores iam descobrindo o que
aconteceu e ver depois como o pintor foi cruel, mexeu muito comigo. Foi uma
cobertura desgastante, que exigiu atenção, bom senso, coleguismo. Foi ruim pela
situação, mas foi uma pauta em que eu amadureci muito.
A melhor pauta que cobri foi uma que, na verdade, eu nem
estava escalada pra cobrir. Foi no dia 20 de maio, durante o júri popular de um
skinhead. Fui lá no Fórum de noite porque fui levar um lanchinho e pegar a mochila do fotógrafo Jorge Moraes, como
toda boa namorada (risos). Só que, quando cheguei, acabei ajudando os
fotógrafos a monitorar uma das entradas do fórum, para fotografar o réu. Ele
saiu pelos fundos, enquanto o advogado das vítimas dava entrevista a toda
imprensa pela porta da frente. Eu era a única repórter no meio de um monte de
fotógrafos e cinegrafistas. Eu não ia falar nada, mas quando percebi que não
tinha nenhum repórter ali, perguntei o que ele achava da sentença (ele foi
condenado a 24 anos de prisão em regime fechado). Ele respondeu “talvez o
justo” e esta única frase, acabou sendo a manchete do jornal, junto a outras
informações sobre o julgamento que foi coberto pela Deize Batinga e William
Almeida.
100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo
na região que você admira o trabalho.
JS - Só três é sacanagem! Eu admiro muito o Douglas
Pires. Eu o ouvia na Rádio Metropolitana, mas nunca tinha imaginado que iria
trabalhar com ele. Desde minha época de secretária de redação, ele sempre me
ensinou muita coisa e me dava algumas missões (risos). Ele me deu o primeiro
bloquinho quando fui para a reportagem e hoje tenho a honra de trabalhar e
aprender com ele de novo na TV Mogi News. Admiro a Cristina Gomes, uma chefe de
reportagem que parece mãe. Ela me dá muitas orientações, tem muita experiência,
é organizada e conversa bastante sobre as pautas. Admiro o Delcimar Ferreira.
Ele é o repórter mais completo que eu já vi. Apuração impecável, texto
impecável e é muito paciente.
100C - O que é o jornalismo para você?
JS - Jornalismo é a minha vida. Passo tanto tempo na
redação que onde eu moro é minha segunda casa.
100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção
com o jornalismo?
JS - A maior alegria foi ser finalista do 5º Prêmio
Santander Jovem Jornalista e ter minha matéria publicada no jornal O Estado de
São Paulo. Foi um reconhecimento daquilo que aprendi nas redações do MN e do
DAT. Foi um sinal de que devo continuar aprendendo, sempre e que escolhi a
profissão certa. A maior decepção é não poder escrever tudo o que gostaria.
100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
JS - O blog podia ter uma sessão de fotos que não foram
usadas no jornal. Os fotógrafos fazem fotos lindas, que nem sempre se encaixam
nas edições.
100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
JS - O 100C é
muito interativo. Sempre tem novidade, não fica desatualizado. Isso é muito
legal. Eu só acho que as entrevistas podiam ter as perguntas um pouco mais
personalizadas. Cada um tem uma história diferente, e exige uma abordagem
diferente. =)
100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas
pautas?
JS - Eu gosto quando a pauta é externa. Apesar de
enfrentar calor, frio,chuva, demora, é muito divertido trocar ideia com a
equipe na rua, e encontrar os colegas de profissão. Não chego a odiar nenhuma
pauta, mas sempre tem dia que nada dá certo. Daí volto pra redação meio
chateada.
100C - O que você espera para o seu futuro profissional?
JS - Espero ter
saúde para aguentar essa rotina e, sobretudo, sorte.
100C - Você tem algum trabalho paralelo ao jornalismo?
(ex.: blog, freela, entre outros)
JS - As vezes faço uns freelas. Estou com um projeto para
criação de um blog com o amigo Rafael Tartatori, que não é da área, ele é
gestor público, mas escreve muito bem. Mais pra frente terei mais detalhes
dessa parceria.
Perguntas para quebrar o gelo:
100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você
passou no jornalismo.
JS - Olha o drama: uma vez fui fazer uma matéria sobre
transplante de córnea e perguntei para o entrevistado como estava o estoque.
Ele, coitado, ficou todo sem graça e depois de uns segundos em silêncio, me
explicou educadamente que não existia estoque. Eu fiquei morrendo de vergonha.
(risos). Uma vez também, eu estava na redação e alguém da Polícia Ambiental
ligou avisando que tinham encontrado uma jaguatirica na Mogi-Dutra. Daí, me
mandaram ir cobrir. Eu virei pro Douglas Pires e perguntei: “Douglas,
jaguatirica é cobra?”. Nossa, sou zuada até hoje por isso.
100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de
trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade,
loucura ou coisas do tipo. Explique:
JS - Deize Batinga é fora do normal porque, além de ser
meiga e superfeminina, domina quando o assunto é polícia, tem ótimas fontes e é
respeitada, o que é mais importante. Ela tem que escrever um livro sobre os
casos engraçados, curiosos e absurdos que chega contando na redação.
Tenho um grande carinho pela Maria Isabel Bazani, ex-repórter
e editora do Mogi News. Ela tem uma olhar e um modo literário de escrever que
eu acho muito especial, é um dom. Ela me ensinou muita coisa. Atualmente ela se
encontrou na área do Direito e eu torço muito pelo seu sucesso. Mas nunca vai
deixar de ser uma excelente jornalista.
Não tem como não falar do Bras Santos. Ele entrevista
secretário de Estado sem bloquinho e pergunta o que tiver que perguntar. É
muito engraçado ver como as autoridades têm medo dele. Esse respeito que ele
conquistou é inspirador.
Admiro Tiago
Pantaleon, Marta Vincentin, Márcio Siqueira, Deize Rennó, Ludmila Santos,
Viviane Almeida, Eduardo Cardoso, Alexandre Barreira, Márcio Siqueira e a Simone
Leone, quem respeito e com quem tenho aprendido muito.
100C - O que é pior, aguentar as pautas demoradas e
cansativas ou o Jorge Moraes? Explique:
JS - Se eu estiver com o Jorge Moraes na rua, aguento as
pautas demoradas sem problemas. Ele é meu parceiro, crescemos e estamos
crescendo juntos. Meu melhor amigo, meu
porto seguro. E ele me mata de rir nas pautas...
Ping Pong
100C - Time
JS - São Paulo
100C - Desejo
JS - Ser útil, sempre.
100C - Música
JS - Sem trilha sonora, a vida não tem graça!
100C - Jornalismo
JS - Missão
100C - 100 Comunicação
JS - Inovação. Gosto da proposta do blog.
100C - Passado
JS - O que me mantém com os
pés no chão
100C - Presente
JS - Hora de construir, arregaçar as mangas e batalhar
100C - Futuro
JS - Não espero nada
100C - Se defina em uma única palavra
JS - Motivada
100C - Deixe um recado para os alunos que sonham
ingressar no jornalismo
JS - Não dá pra ser jornalista se não tiver amor pelo que
se faz.
CONFIRA as demais entrevistas da Seção Raio-X clicando aqui!
Adorei a entrevista! A Jamile é uma pessoa que cativa só de olhar. Daquelas que a gente gosta sempre precisar de muito. Meu contato com ela é pequeno, mínimo... só em algumas pautas. Mas é incrível como dá pra sentir o quanto ela é guerreira e especial. Beijos, Jamile!
ResponderExcluirJamile arrasa em tudo que faz! Tenho orgulho de tê-la conhecido um dia =D Sem dúvida nenhuma, nasceu pra isso =D Muito sucesso Mile =D
ResponderExcluirJamile, você é uma querida. Obrigada pela citação. E que você nunca perca esse brilho nos olhos cada vez que entra pela Redação ao chegar de uma pauta. Essa sua inquietude é a alma das pautas e faz você não se contentar com a informação pela metade. Te admiro muito também... beijo
ResponderExcluirJamile,
ResponderExcluirVocê sabe como sou suspeita em falar de você. A considero mesmo de verdade, a minha filhinha, certamente a preferida. Dá gosto de passar pauta para você, comentar os assuntos e ver os seus olhinhos brilhando por uma boa matéria. Realmente, o que corre nas suas veias, é jornalismo puro. Amo trabalhar c você...