terça-feira, 7 de junho de 2011

Nada se cria, tudo se copia

O telejornalismo, com raras exceções, é muito previsível. Ano a ano as reportagens se repetem, sempre na mesma data, sempre do mesmo jeito. Mais ou menos assim:

Janeiro..........IPVA, IPTU, primeiras pesquisas de material escolar, preparativos das escolas de samba, enchentes;

Fevereiro......Compras efetivas de material escolar, finalização dos carros alegóricos, estrutura das cidade para o carnaval, sambas enredos, gente que quer fugir do carnaval, volta às aulas, enchentes;

Março............Águas de março, enchentes,

Abril...............Gente que não come peixe, preço do bacalhau, Paixão de Cristo na praça, correria da Páscoa, troca de ovos depois da Páscoa, gente que compra ovos quebrados no dia seguinte, mais baratos, receitas para ovos quebrados;
Maio...............Passeata e/ou festas do Dia do Trabalho, Correria do dia das mães, troca de presentes que não serviram, principais presentes, o "segundo Natal" para o comércio, número de casamentos, tempo seco, epidemias de problemas respiratórios, prontos socorros cheios, cuidados com a dengue tem que continuar;

Junho.............Problemas respiratórios, prontos socorros cheios, fim das aulas, dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, começa o inverno;

Julho..............O que fazer com os filhos de férias em casa;

Agosto...........Volta as aulas, fila dupla na porta das escolas, trânsito que fica mais infernal, dia do Folclore, vacinação de animais contra a raiva, correria das compras do dia dos pais, troca de presentes;

Setembro...... Desfiles da Independência, chegada da primavera, começo das chuvas;

Outubro.........Correria das compras para o Dia das Crianças, troca de presentes, cuidados com brinquedos perigosos, procissões da padroeira do Brasil, Dia do professor (com vts mostrando como a educação anda mal, e nossos mestres são heróis), Dia das Bruxas;
Novembro.....Finados, dicas de flores, cuidados com vasos que podem virar criadouro do mosquito da dengue, o que fazer com a 1ª parcela do 13º, volume de chuvas acima do normal, preparativos para o vestibular, correria para não perder a hora da prova, com direito a vestibulando saltando sobre o muro, ou rolando por baixo do portão, fim das aulas;

Dezembro...... Começa o Verão, horário especial do comércio, expectativa de vendas, correria das compras, 2ª parcela do 13º, provisão para pagar os impostos de janeiro; decoração de Natal, papais noéis dos mais esquisitos, gente solidária que se reúne para dar presentes para crianças pobres, jogo de futebol entre homens vestidos de mulheres (e invariavelmente bêbados); ceia de Natal, gente que trabalha na noite de Natal (incluindo o repórter), promessas de Ano Novo, que roupa usar no reveillon, simpatias para começar bem o ano; queimas de fogos na virada (com direito a gente bêbada). Ah, e enchente também.

As pautas, quase sempre, são Ctrl+C Ctrl+V do ano anterior. E as reportagens também sempre saem iguais. Eu já fiz praticamente tudo isso que está listado aí em cima, mas sempre tentei ser um pouco diferente.

Texto: Ricardo Mello
Blog: Vida de um repórter (www.vidadeumreporter.blogspot.com)

2 comentários:

  1. Não entendi por que o texto é direcionado ao telejornalismo, já que em todo tipo de jornalismo as matérias se repetem ao longo do ano, seja jornal impresso, rádio, TV, internet... E quem dá crtl C + crtl V devia mudar de profissão né, vergonhoso!

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  2. Concordo plenamente com você Lenina, existem pautas que parecem que estão marcadas no calendário jornalístico, independente se é TV, impresso ou rádio, mas, não esquenta não, tenho certeza de que o objetivo do Ricardo Mello era somente brincar com a situação, ou seja, diminuir esse estresse e proporcionar alguns minutos de risada sobre a própria profissão.

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